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É sobre Bitcoin

Fim do Limbo. Enxerguei algo, agora eu falo.

Minha timeline já não passa outra coisa. Alguma hora eu tinha que conseguir encaixar tudo que eu leio sobre e acho que consegui dar os primeiros passos no entendimento da lógica do bitcoin.


Vou definir o que eu entendo como sendo o bitcoin de maneira simples, conceituando primeiro pra depois mostrar uma maneira aparentemente segura de ganhar dinheiro com essa janela específica que é o momento atual das criptomoedas sem regulamentação.


O Bitcoin deriva de um pagamento por uma tecnologia de facilitação de transações. Ele é uma espécie de pagamento por um serviço. O primeiro foco vai em cima desse serviço. Esse serviço se chama "blockchain" e se resume basicamente em um sistema que permite transações financeiras de forma mais rápida e que pode ser feita sem intermediários centralizados (bancos, ou agentes intermediadores).

Atualmente as transações são feitas com muita regulamentação e necessariamente passando pelo intermédio de uma instituição credenciada e fiscalizada por organismos institucionais também consolidados. Vou usar um exemplo prático pra ver como funciona desde a origem de uma transferência até a concretização.


Quando você vai fazer uma transação bancária entre contas isso fica registrado em um sistema que passa por um controle interno da instituição que está sendo utilizada como intermediária financeira. O processo de controle envolve diversos procedimentos protocolares que vão desde do mais elementar "know your client" (conheça seu cliente) até o mais rebuscado que nesse caso é a conciliação dos valores e das contas. No meio disso existe a dependência dos sistemas operacionais do agente intermediador e da anuência de órgãos reguladores e fiscalizadores que controlam o movimento dos capitais.


O que permite um bom funcionamento desse sistema são alguns servidores imensos que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, e que devem ter monitoramento constante para que não falhem. Se falhar, seu dinheiro não chega ao destino, se seu dinheiro não chega até o destino o mínimo que vai acontecer é você pagar juros sobre o atraso em caso de pagamentos, ou levar um esporro da ponta que estava esperando receber o recurso.


Tamanho o cuidado que esse servidor exige, o custo para manutenção e aprimoramento é muito caro, isso no fim das contas resulta em tarifas para realização das transações, o que reduz a quantidade de capital circulante no sistema financeiro, ou mesmo concentra parte desse capital em receitas aos intermediários (bancos). Pense você que se um ar condicionado que o refrigera pifa, ele superaquece e você trava todo sistema.


Atualmente esse servidor e essas transações são centralizadas nas mãos de bancos. Ou seja, cada banco, atingindo o mínimo requerido pelos reguladores para seu funcionamento, pode ter um desses servidores e processar operações bancárias em tempo real. E é ai que está um ponto que ajuda a entender o potencial (muita atenção para a escolha dessa palavra - potencial) revolucionário do blockchain.


Você está nas mãos dos bancos. Se o sistema deles falha, você se ferra.



Vamos ao blockchain.


Como dito acima, o blockchain se resume basicamente em um sistema que permite transações financeiras de forma mais rápida e que pode ser feita sem intermediários centralizados. O blockchain é um código. Dentro desse código estão contidas várias transações financeiras. Movimentação de recursos. Esses códigos não exigem "know your client", abertura de conta, filas, declaração de origem do recurso, não tem limite de valor, funcionam 24 horas por dia, e não tem interferência de reguladores. São meramente equações matemáticas que exigem decodificação criptografada.


Para que a transação aconteça de fato e você possa no final das contas, ou ter sua criptomoeda em mãos, ou ter seu recurso recebido em mãos, o código de cada bloco deve ser desvendado. As pessoas que são responsáveis por garantir a autenticidade desse código são chamadas de mineradores.


Os mineradores utilizam processadores superpotentes para processar por meio de algoritmos a descriptografia e assim concretizar a transação. Esses mineradores podem ser quaisquer pessoas ao redor do mundo que disponham de um processador e energia elétrica disponível. Ou seja, não é necessário um mega servidor concentrado que exige minuciosos cuidados e que tem custo altíssimo de manutenção. Ou seja, nesse caso, você não está mais nas mãos do banco, se um minerador falhar, entra outro. Um processador falhou, compra outro. Faltou energia elétrica, não tem problema, os servidores não estão localizados.


Ah, e porque eu faria isso, seria eu o anarcopunk responsável por doar energia elétrica, comprar um processador, ter todo trabalho de deixar rodando a descriptografia simplesmente para libertar o mundo do sistema bancário, monetário, capitalista, malvadão?


Tá longe de ser isso. Adivinha como os mineradores são pagos?


Bitcoin.


Uma "moeda" que remunera um serviço. Igual receber seu salário ou um pró-labore no final do mês. O que muda é que no caso dos mineradores a remuneração é exclusivamente variável.


Ok. Mas o que eu faço com bitcoin, receber isso agora é legal, cada um ta valendo aproximadamente R$ 15.000,00. Pelos princípios microeconômicos da teoria da firma, se o custo pra produzir uma unidade adicional de produto se iguala a receita obtida com a venda desse produto produzido eu estou trabalhando em uma banda de lucro. (Para os economistas Custo Marginal = Receita Marginal). Se eu produzo um serviço que me remunera de forma a pagar os meus custos e ainda me sobra dinheiro eu vou ampliar a produção desse serviço até que não haja mais demanda.


Simplificando. Se produzir uma decodificação custa mais barato do que o que eu recebo ao autenticar um código eu vou continuar usando minha energia elétrica pra produzir. Se mais transferências são demandadas, maior o potencial de ganho que eu tenho, se antes eu tinha um processador, eu vou comprar dois. Até que o custo marginal se iguale a receita marginal.


Oferta e demanda. Adam Smith sistematizou isso há 300 anos. Não muda nada.


Ta entendendo o porquê da apreciação recente do bitcoin?


Se disse que está, tirou 9. Falta ainda uma coisa muito importante.


Por que eu aceitaria ser pago em bitcoin?


Vem mais textão ai. Agora sobre o bitcoin especificamente.


Existe um submundo da internet onde estão contidas mais de 90% de todas as informações circulantes. Esse submundo se chama deepweb.


Basicamente a internet que utilizamos no dia a dia corresponde a um mínimo do potencial que os mecanismos de pesquisa proporcionam.


Nesse submundo circulam todos os tipos de coisa que a humanidade pode produzir pela confidencialidade existente. São transacionadas desde de informações sem potencial danoso algum, até informações de estado sigilosas. Provavelmente vocês já devem ter ouvido falar no wikileaks, Assange, Edward Snowdem e talvez até do Dread Pirate Roberts.


Nesse mundo também são negociadas coisas. Essas coisas envolvem desde itens do dia a dia até drogas, assassinatos de aluguel, fabricação de bombas caseiras, trafico de humanos, órgãos e por ai vai...


Não pare por aqui, eu to quase chegando lá, eu sei que essas palavras juntas causam arrepio, tente abstrair a emoção e vamos racionalizar, o intuito aqui não é discutir do que o ser humano é capaz, mas sim entender de onde surgiu o bitcoin e como ele chegou ao estágio atual.


Existe um site que começou a tomar uma proporção muito grande nesses mercados ilícitos. O princípio do site era permitir a negociação de drogas entre usuários com uma maior segurança para que vendedores e compradores não fossem identificados e presos.


Voltemos a forma atual de transação. Se eu fizer um depósito para você hoje, essa transação é identificada. Os órgãos reguladores conseguem rastrear o recurso e rapidamente chegar às duas pontas. se eu transacionar o pagamento de alguma coisa ilícita com você, eu e você somos presos imediatamente.


O que aconteceria se fosse inventado um meio pelo qual essa transação não passasse por regulação. Nem eu, nem você seríamos presos.


Eis que surge o bitcoin.


Um mecanismo de ocultação da origem e do destino do dinheiro.


Naturalmente, a medida que o comércio foi crescendo, a quantidade de moeda demandada para transação foi aumentando. O bitcoin foi ganhando força. Ele não existe de hoje, já faz mais de uma década. O estágio atual do bitcoin é fruto de uma interligação entre essa moeda que tem origem escusas e a necessidade de menor regulação do mercado.


O próximo passo foi a utilização do bitcoin como meio de pagamento alternativo para atividades comuns do dia a dia e que não envolvam necessariamente ilicitudes. Algumas lojas já começam a aceitar pagamento em bitcoin. Alguns países já consideram a aceitação do bitcoin como meio de pagamento regulado.

As causas disso são infinitas, passam desde a necessidade de materialização da "moeda" no mundo real até o reconhecimento da incapacidade de controle das transações. O Estado é falho. Isso derivou de uma falha do Estado. Assim como a Guerra nos morros Cariocas ou as pessoas morrendo nas filas de hospitais. Não é o intuito aqui discutir isso, mas sim mostrar racionalmente um fenômeno. Elencar suas origens. Investigar a fundo.

Esse é o bitcoin. A interligação da tecnologia, das falhas do Estado e das necessidades de remodelação dos sistemas de controle.


Já que o fenômeno vem tomando proporção me senti na obrigação de esclarecer esses pontos. Vou tratar agora de esclarecer também tudo que concerne ao operacional do bitcoin e de uma forma que encontrei para ganhar dinheiro com isso que não implica ficar a deriva da especulação de preços. Disse e repito, quem não souber o que está fazendo vai levar nabo. Igualzinho acontece com quem entra na bolsa sem estudar. Não basta entender como funciona o operacional. Tem que entender o porque das oscilações de preço.


Como se negocia bitcoin?


Existem duas principais maneiras de se negociar bitcoins.


A primeira consiste em negociar diretamente com que detém as criptomoedas, esse tipo de negociação é a chamada P2P. Idêntica a negociação de um comércio. As duas pontas combinam o preço e realizam a transação.


A segunda consiste em abrir uma conta em uma "Exchange", espécie de corretora que busca minimamente organizar o ambiente de negociação. Para quem já investiu em mercados regulados o processo operacional não difere muito. Basta abrir uma conta, depositar o recurso em uma das contas fornecidas, o crédito aparecerá em sua conta da Exchange e você poderá colocar uma ordem de compra ou venda afim de concretizar o negócio. Cada uma possui taxas próprias e os preços são dados pelo livro de ofertas. Eu coloco uma ordem de compra, se alguem topar vender pelo preço que eu quero pagar o negócio é concretizado, o dinheiro sai da minha conta, entra na conta do vendedor, o bitcoin sai da conta do vendedor e entra na minha. Se eu quiser vender é só colocar a ordem de venda e esperar comprador.


Vou focar na segunda por um simples fato de que a oportunidade de ganhar dinheiro com esse mercado consiste no processo de formação de preço dentro do sistema de Exchanges.


Diferentemente do mercado regulado (bolsa) o preço na negociação do bitcoin varia de exchange para exchange. Cada Exchange tem um volume próprio de negociação, isso é o que garante a liquidez do mercado. Isso significa que podem haver distorções entre o preço de uma exchange de outra. Se uma exchange possui maior liquidez que outra isso pode significar oportunidade de arbitragem entre exchanges.


No Brasil temos duas principais exchanges de bitcoin. O mercado Bitcoin e a Foxbit.


Utilizarei como exemplo essas duas Exchanges para exemplificar o que é essa ditorção.

Como cada exchange tem liquidez própria e portanto preço próprio, imagine que uma compra de 1 bitcoin pelo Mercado Bitcoin implique gasto de R$ 15.000,00 e uma venda na Foxbit a venda esteja em R$ 16.000,00.


Raciocínio dedutivo. Eu compro no Mercado Bitcoin e vendo na Foxbit. Entre a compra e a venda eu deduzo os custos da transação e se no final esses custos forem menores do que R$ 1.000,00 eu tenho lucro simplesmente aproveitando a diferença de preços entre as duas exchanges.


Vamos tratar agora de ambientes globais de maneira mais macro. Esqueça as duas exchanges nacionais e imagine que o bitcoin no Brasil tenha preço único e custe R$ 15.000,00 ao passo que no mercado externo 1 bitcoin custe US$ 3.000,00.


Meu movimento para captar a diferença consiste em verificar a diferença cambial e verificar se a diferença de preço entre os dois mercados compensa a arbitragem.


Supondo uma taxa de cãmbio de US$ 1,00 para R$ 3,20 , 1 bitcoin no mercado externo = US$ 3.000,00 = R$ 9.600,00.


Se eu comprar no mercado externo por R$ 9.600,00 (ou US$ 3.000,00) e vender no mercado interno brasileiro por R$ 15.000,00 eu tive um lucro e R$ 5.400,00.


Deduzindo os custos, inerentes a operação em si, se não forem superiores a R$ 5.400,00 é lucro certo.


Pois é, é exatamente o que está acontecendo. Não são valores exatos os do exemplo mas o bitcoin brasileiro é o 3° mais caro do mundo. A distorção com outras exchanges é significativa a ponto de compensar gastar um tempo estudando os mercados.

Agora o processo consiste em entender como operacionalizar isso. Provavelmente abrir conta em um banco no exterior, abrir conta em uma exchange no exterior e realizar as operações.


Tome cuidado na hora de declarar pra receita, não duvido da intenção de ninguém, mas regras de movimentação de recursos no exterior podem te complicar se não forem bem estudadas. Se você pensou em não declarar, esqueça tudo que leu e vida que segue.


Vejo muita gente entrando nessa onda sem ter a mínima noção do que está negociando. Não aconselho ninguém a comprar nem a não comprar. Meu único conselho é que se proteja de oscilações de preço bruscas que podem te levar a falência instantânea.


A única maneira de se fazer isso é estudando muito antes de começar a operar. Entenda todos os seus riscos, operacional, de mercado, de liquidez e sistêmico. Entenda o mercado antes de comprar outras dezenas de altcoins que estão surgindo.


Mercado não é roleta. É estudo. Se roletar vai cair fora e muito machucado.


Como último conselho, jurei que não faria, mas não me contive. Se for comprar pelo lastro esperando revolução no sistema financeiro, para buy and hold, coloque somente dinheiro de pinga. A China já proibiu as novas emissões de moeda. Quando começar a incomodar o Estado, o Estado usa a força. É da natureza dele, nós, meros mortais, não temos como lutar contra ele.



DISCLAIMER

O analista de investimento envolvido na elaboração do presente relatório declara que as recomendações aqui contidas refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre os ativos recomendados. O conteúdo foi elaborado de forma independente e autônoma de qualquer empresa ou instituição financeira emissora dos produtos supracitados. O Clube de Investimentos e Finanças da UFPR declara que não é responsável institucionalmente pela opinião do analista responsável pelo relatório, apesar de reconhecer a importância do tema abordado.

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