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Estratégias de maximização de lucro no mercado financeiro. O Impacto da Incerteza Macroeconômica na

O momento da economia brasileira sugere que a expectativa dos agentes de mercado vem mudando de trajetória. Na Economia Real estamos vivenciando uma retomada da atividade produtiva. Indicadores de produtividade industrial, vendas no varejo, construção civil, nível de emprego continuam sinalizando recessão, porém já podemos observar uma mudança negativa no ritmo de atividade, que começa a dar sinais de desaceleração.


No lado monetário da economia os sinais costumam ser mais imediatos e o cenário atual não se mostra diferente. Ontem foi reportada a menor inflação do país para o mês de Janeiro desde 1994. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação não só deixou os dois dígitos para trás, como terminou o ano dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Essa notícia é ótima para o país por diversos motivos, porém a análise mais profunda dos indicadores nos leva a ter um olhar mais atento a esse movimento transitório no sentido de avaliar qual é o impacto em termos de determinação da melhor estratégia de investimentos.


O mundo dos investimentos tem funcionamento próprio que envolve conceitos econômicos que podem ser aproveitados para rentabilizar o capital de maneira eficiente em diferentes cenários. Atualmente a principal estratégia de alocação de recursos tem se dado com base na alocação de produtos com segurança extra institucional e em produtos pós-fixados que hora se mostraram indexados a uma taxa bastante atrativa. A precificação negativa da curva de juros futuro sintetiza todas as expectativas dos agentes de mercado o que pode levar a um retorno real menor no longo prazo.

O Brasil ainda proporciona o maior retorno em termos de taxa real do mundo para produtos diretamente correlacionados a taxa básica de juros, até quando isso vai continuar ainda é uma incógnita. O mercado, porém já começa a se proteger. Alguns agentes de mercado especializados no segmento de renda fixa, especialmente gestores de fundos e de carteiras de investimento, começam a buscar alternativas de travar taxas atuais para um cenário mais longo. Nesse contexto os produtos híbridos com parcela pré-fixada estão roubando a cena. Além das tradicionais Notas do Tesouro Nacional os produtos de crédito e da dívida corporativa são não só a aposta de diversos agentes de mercado como também minha próxima aposta para o investidor que não quer se acostumar ao novo cenário de retornos reais cada vez mais baixos.


Tratarei abaixo de descrever dois principais produtos que na minha concepção se mostram cada vez mais atrativos. São eles as Debêntures e os Certificados de Recebíveis Imobiliários.


Debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários


As Debêntures são títulos da dívida corporativa emitidas por empresas de capital aberto que visam obter financiamento de terceiros a custos mais baixos do que os oferecidos por instrumentos tradicionais (Bancos de Comerciais e de Desenvolvimento).


O CRI é um Certificado de Recebíveis Imobiliários emitido por uma securitizadora que tem como lastro Cédulas de Crédito Imobiliário.


As características desses produtos são similares as de um produto de renda fixa comum. Existe um prazo de vencimento, um valor mínimo de aplicação e uma pactuação de taxa para remuneração sobre o capital investido. Entretanto algumas diferenças vão determinar o modus operandi específico desses tipos de investimento.


Títulos da Dívida Corporativa x Mainstream da Renda Fixa


Sabemos que alguns títulos de dívida emitidos por instituições financeiras passam por regulação do Banco Central e em alguns casos da Comissão de Valores Mobiliários e são obrigatoriamente cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito. Essa regra é específica para produtos que têm instituições financeiras como emitentes de dívida.


Sabemos também que existem no mercado títulos que são representativos de dívida corporativa. Esses títulos são emitidos com a mesma finalidade dos títulos de dívida de instituições financeiras, captar recursos para financiar a atividade inerente ao emissor.


Uma das principais diferenças consiste no fato de que no caso de dívidas emitidas por instituições financeiras o recurso captado será necessariamente destinado ao mercado de crédito e reemprestado a taxas de juros maiores. É assim que uma instituição financeira, bancária ou não, é remunerada. Esse é o famoso Spread Bancário. No caso de dívidas corporativas o recurso captado será destinado ao financiamento de atividades inerentes ao ramo de atividade que a empresa está vinculada. Ou seja, pode ser destinado à construção de um edifício, ao financiamento de um maquinário, à melhoria da infraestrutura logística, à melhoria da gestão do fluxo de caixa da empresa ou a diversos outros motivos que estão no escopo da gestão corporativa.


Daí surge um ponto importante que merece destaque. CRIs e Debêntures são geralmente produtos isentos da cobrança de Imposto de Renda que incide sobre o lucro em aplicações financeiras como maneira de estímulo a atividade produtiva por parte do governo. Esses produtos contam também com a característica de não serem cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito. A garantia se dá pelo risco do emissor financeiro não cumprir com as obrigações contraídas. Assim sendo, pela relação Risco X Retorno de investimentos em Renda Fixa o que se verifica é um pagamento de taxas mais altas de rentabilidade. Diante dessa possibilidade observamos um ponto chave em que determinadas situações pagam um prêmio pelo risco que acaba se traduzindo em benefício.


Permitam-me uma breve digressão.


Em microeconomia esse conceito foi descrito na teoria do comportamento do consumidor quando são determinados três tipos específicos de consumidor: o propenso ao risco, o neutro ao risco e o avesso ao risco. Segundo essa teoria, investidores propensos ao risco aceitam perda de patrimônio em busca de um retorno maior, portanto a dotação e o retorno trabalham em uma banda aceitável de risco onde pode haver uma inflexão frente às curvas de utilidade do investidor neutro e avesso ao risco.


O que acontece com esses três tipos de consumidores quando a assimetria de informações permite que um investimento com riscos de mesmo patamar remunere diferentemente? Ora, se os investimentos têm riscos estáveis e paralelamente compatíveis o mais compreensível é que o consumidor busque aquele que lhe traga uma maior utilidade (satisfação). Logo o propenso ao risco sairia em desvantagem, pois não encontra margem para maximizar seu lucro mesmo em um cenário onde aceita perdas em troca de retorno maior. Na teoria funciona assim. Na prática o que vemos é o inverso. A assimetria de informações e a baixa cultura de investimento do brasileiro “bloqueiam” a cabeça do investidor, sobretudo do avesso ao risco, para não aceitar de maneira alguma investimentos um pouco mais complexos, mesmo que ainda se mostrem nas mesmas condições de segurança e rentabilidade maior do que o mainstream da Renda Fixa.


Voltemos...


Precificação do Risco em Produtos de Crédito


Para provar minha tese de que existem formas de maximizar a rentabilidade do capital com segurança aproveitando-se do mecanismo de mercado e de uma boa gestão descreverei abaixo como funciona a precificação do risco da dívida corporativa.


As agências reguladoras são responsáveis por estabelecer o nível de confiança do emissor da dívida por diversos critérios estabelecidos por modelagem econômica e estatística. Abaixo seguem as compatibilidades das escalas de risco dadas pelas três principais agências reguladoras. No maior nível de segurança dessa classificação estão situados os títulos da dívida pública americana e alemã. Nem o Fundo Garantidor de Crédito garante essa classificação às principais instituições bancárias brasileiras. Itaú, Bradesco, HSBC, Caixa Econômica Federal, e BNDES estão com rating Aa1 pela Moody’s e AA- pela Standard & Poors. (Fonte Banco Data ; http://www.bancodata.com.br/escalas).

(Fonte IBRI (Instituto Brasileiro de Relação com Investidores; http://www.ibri.com.br/Upload/Arquivos/guia_rapido_rating.pdf)



A partir do exposto acima, o que podemos concluir é que encontramos no mercado, não com muita facilidade, investimentos que mantêm as mesmas condições de um investimento tradicional, porém que ainda se encontram num momento de transição de taxas.Esse é o momento para dar um passo a mais e não se restringir ao Fundo Garantidor de Crédito, e olhar com carinho para os produtos de crédito. É hora de aproveitar o momento de incerteza da economia e travar o que seja talvez a última leva de pré-fixados que valham a pena em um horizonte de tempo extenso.



DISCLAIMER


O analista de investimento envolvido na elaboração do presente relatório declara que as recomendações aqui contidas refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre os ativos recomendados. O conteúdo foi elaborado de forma independente e autônoma de qualquer empresa ou instituição financeira emissora dos produtos supracitados. O Clube de Investimentos e Finanças da UFPR declara que não é responsável institucionalmente pela opinião do analista responsável pelo relatório, apesar de reconhecer a importância do tema abordado.

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