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REVIEW FLASH BOYS

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Fala Investidores! Tudo Tranquilo?

Vou começar uma serie de resenhas de livros(sem dar muitos spoilers) sobre o mercado financeiro e o nosso primeiro será o livro Flash Boys, de Michael Lewis. Uma historia real das operações ultra rápidas (HFT).

 

Livraria Cultura
Livrarias Curitiba

 

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AUTOR

 

Michael Lewis, formado pela London School of Economics, trabalhou como vendedor de títulos (bonds) no famoso banco de Wall Street, Salomon Brothers. Saiu de lá para escrever seu primeiro livro Liar’s Poker (1989), onde conta suas aventuras e a cultura de trabalho de Wall Street na década de 80, que incluía apostas na casa de milhares de dólares (no meio do expediente) num jogo conhecido como Poker da Mentira.

Muitos de vocês devem ter ouvido falar de Lewis recentemente graças ao filme A Grande Aposta (The Big Short), que acompanha um grupo de gestores que apostaram na derrocada da bolha de 2008.

 

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LIVRO

 

Com um estilo de narrativa envolvente e apenas 230 páginas, Flash Boys é um ótimo livro para ler em uma viagem ou em fim de semana.

O livro explica o “submundo” dos HFT (High-Frequency trading. Operações de compra e vendas de ativos executadas por computadores de forma absurdamente rápida, na casa de milésimos de segundo) através da historia três personagens: Sergey Aleynikov, Bradley Katsuyama e Spread Networks.

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(Spoiler Alert)

SERGEY ALEYNIKOV

 

Lewis acompanha o julgamento de Aleynikov e os fatos que levaram esse russo ate lá. Sergey é um ex-programador do gigante Goldman Sachs acusado de roubar códigos-fonte de um programa, que de acordo com o promotor do caso, seria capaz de manipular o mercado se usado pelas pessoas erradas (E seria o Goldman a pessoa certa?). Em sua defesa, Sergey alega que apenas copiou códigos open-source que ele usava rotineiramente em seu trabalho e havia pegado na internet.

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SPREAD NETWORKS

 

A primeira parte do livro foca na Spread Networks, uma empresa criada em 2009 para instalar um cabo de fibra ótica, o mais retilíneo possível, ligando New Jersey à Chicago. Um cabo de 830 milhas, mantido em segredo absoluto durante sua construção e com um custo de US$300 milhões, capaz de levar informações de NJ a Chicago em 14 milissegundo (em um segundo a informação poderia fazer a viagem de ida e volta 10 vezes no tempo de um piscar de olhos).

Muito interessante, muito curioso, mas por que alguém faria isso? E o mais importante, por que isso estaria num livro sobre finanças? Se você já ouviu falar nas HFTs deve ter uma ideia, se não, aqui vai uma dica: As ações são negociadas em NJ e os futuros e opções em Chicago. Deixe me explicar melhor, imagine que você pudesse fazer uma aposta sabendo o resultado do jogo antes de todo mundo.

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BRADLEY KATSUYAMA

 

Antigo Head Global do Royal Bank of Canada e fundador da IEX, Brad se deparou com os HFTs quando começou a reparar que quando uma ordem muito grande era colocada, os preços mudavam imediatamente, quando ele apertava Enter os preços já haviam mudado. Procurando entender o que acontecia, ele descobriu os HFTs.

Aqui eu preciso fazer um parênteses e explicar um diferença muito grande entre o mercado americano e brasileiro e o tipo de estratégia que ele se deparou. No Brasil temos apenas uma bolsa, a BM&FBovespa (tem mais uma querendo entrar mas isso é assunto para outra hora) então todas as operações são feitas lá ou over-the-counter diretamente entre grandes players. Nos EUA há mais de 20 bolsas de valores¹, além de dark pools (tipo de bolsas privadas) e muitos ativos são negociados simultaneamente em mais de uma bolsa.

Isso permite uma estratégia chamada de front-running. Quando uma ordem é emitida, ela é enviada simultaneamente para as diferentes bolsas, mas por questões físicas e tecnológicas as ordens chegam em tempos diferentes em cada bolsa, questão de frações de segundos, podendo ser executada em mais de uma bolsa. Front-running consiste em ver que você comprou ações em uma bolsa, sair correndo para a próxima bolsa para comprar as ações antes de você e te vende-las mais caro. Complicado? Pois é, ainda mais quando você leva em conta que esse “correr na frente” é medido em milissegundos.

Voltando ao assunto. Brad entendeu o problema e liderou um time que bolou um jeito de contornar os especuladores apressadinhos. Eles criaram o sistema THOR. Se o problema eram as ordens chegando em tempos diferentes em cada bolsa, o THOR dividia a ordem grande em ordens menores e disparava para as diferentes bolsas, adicionando um pequeno delay, para que todas as ordens chegassem ao mesmo tempo. Simples mas genial.

Querendo levar essa ideia para todo o mercado, ele sai do RBC para fundar a IEX, uma bolsa (tecnicamente uma Alternative Trading System) que incorpora a característica do THOR de impedir a ação desse tipo de HFT.

 

QUER SABER se a IEX deu certo? Se Sergey foi preso? Ou quer

descobrir a surpresa que Spread Networks teve no final do livro? 

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Então compre o livro pelo nosso link do programa de Associados Amazon e ajude o Clube a crescer!

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Nota: 8/10

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-André Lorenzo

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