top of page

REVIEW CRASH

UMA BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA

- DA GRÉCIA ANTIGA AO SÉCULO XXI -

​

​

Crash é um livro escrito para qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, economista ou leigo no assunto, basta ter curiosidade sobre como surgiu esse meio de troca sem o qual talvez não conseguíssemos sobreviver, o dinheiro. O autor mostra que é possível falar de economia de uma maneira simples, clara, objetiva e bem humorada, sem necessariamente entrar em discussões teóricas mais pesadas. O livro trata da origem do dinheiro, inflação, bolsa de valores, bolhas financeiras, crise econômica, malabarismos do sistema financeiro e de quebra um pouco da história do mega investidor Warren Buffett.

 

​

A ORIGEM

 

Para tratar da origem do dinheiro Alexandre Versignassi define dois quesitos que permitem que o dinheiro, sob qualquer que seja a forma, argila, couro, sal, pinga, tabaco ou cobre, tenha valor para os indivíduos que o utilizam. O primeiro quesito é o desejo, se as pessoas em uma determinada sociedade não desejarem o dinheiro ele não terá condições de representar valor algum. O segundo quesito é a escassez, ou seja, o dinheiro não pode estar disponível para todos e nem o tempo todo. Esses dois quesitos estão interligados e são interdependentes. Se as pessoas desejarem ter o dinheiro e o tiverem em abundancia, não haverá necessidade de trocar qualquer trabalho ou produto por mais dinheiro e a economia irá parar de girar. Por outro lado, se o dinheiro é escasso, mas a pessoas não o desejam ele simplesmente será deixado de fora de qualquer troca comercial que ocorra. Isso significa que para um sistema financeiro funcionar, utilizando o dinheiro como meio de troca, as pessoas devem acreditar que conseguirão obter mais dinheiro ao realizar qualquer trabalho ou vender qualquer produto e não menos importante, devem acreditar que no momento em que forem usar esse dinheiro para conseguir algum produto ou serviço as outras pessoas ainda terão interesse em ficar com esse dinheiro. Essa crença de que toda essa operação poderá ser realizada é resumida pelo autor em uma única palavra, fé.

​

O autor conta como, ao longo dos anos, diferentes materiais foram usados como dinheiro, desde as placas de argila dos babilônios, passando por metais precisos fundidos e marcados como no caso dos lidianos, até o papel moeda que utilizamos hoje e como o governo se tornou uma peça chave no seu controle.

 

​

INFLAÇÃO

 

Antes de falar de inflação, Alexandre Versignassi nos lembra a história de um aristocrata grego que mudou o rumo da economia de Atenas e também a história da economia mundial através de uma ideia relativamente simples, porém um tanto arriscada. Já que os atenienses confiavam nas moedas cunhadas pelo governo, em teoria eles aceitariam o valor determinado para uma moeda de prata, mesmo que essa moeda não fosse totalmente de prata. Assim o governo passou a cunhar moedas com apenas 73% de prata e o resto em cobre. Desta forma foi possível aumentar a quantidade de moeda circulando e evitar que a economia de Atenas parasse completamente. Porém o fato de o governo colocar mais moeda em circulação trás, pelo menos, uma consequência séria, a inflação. Como Alexandre Versignassi explica, quando o governo injeta moedas novas na economia, através de obras públicas, por exemplo, ele faz com que todos tenham mais dinheiro para gastar, o que num primeiro momento é bom. Mas como a produção de bens demora mais para crescer e acompanhar a demanda, o mercado fica cheio de gente com dinheiro na mão, querendo comprar. Como o comerciante não tem como atender a todos ele acaba aumentando o preço do seu produto para vender para aqueles que podem pagar mais. Assim, a cada novo ciclo, o dinheiro acaba se desvalorizando e forçando a inflação para cima.

​

Mas qual foi o pior processo inflacionário da história? O autor conta como a Alemanha acabou com uma hiperinflação após a primeira guerra mundial, abrindo uma brecha que permitiria a Hitler chegar ao poder. Além da inflação astronômica que deixou os Húngaros sem opções, a não ser rir e começar do zero novamente, e também compara muito bem como a inflação levou o Império Romano para o buraco e como o governo brasileiro seguiu os mesmos passos naquele que seria o período com inflação acima de dois dígitos mais longo já registrado.

Qual a pior inflação na sua opinião?

​

​

BOLSA DE VALORES

 

Assim como quase tudo que faz sucesso, a bolsa de valores surgiu de uma necessidade e de uma ideia que deveria beneficiar principalmente o individuo que a teve. A ideia era financiar as navegações até as Índias e lucrar com as especiarias que viessem de lá, o idealizador era um banqueiro italiano que tem muito a ver com o “descobrimento” do Brasil. Mas como esse empreendimento se transformou na bolsa de valores? Simples, não virou. Pelo menos não diretamente. Devemos isso a outra nação, uma que já estava acostumada a trabalhar coletivamente. Conforme Alexandre Versignassi explica, os holandeses já há algum tempo se reuniam para dar conta de tarefas difíceis, como transformar um pântano num país em que todos eram capazes de produzir, comprar e vender por conta própria, sem depender exclusivamente da “bondade” de um senhor feudal. O autor usa uma citação que explica perfeitamente o espírito de união dos holandeses “Deus criou o mundo; os holandeses criaram a Holanda”.

​

O fato de que na Holanda, mesmo os mais pobres tinham algum dinheiro para usar, permitiu uma evolução na forma de financiamento das empresas fundamental para a criação da bolsa de valores. Os holandeses fizeram aquilo que o banqueiro italiano havia feito em Portugal, porém da forma coletiva que eles estavam acostumados. Criaram uma Companhia de navegação e venderam as ações para todos que tivessem algum dinheiro para pagar. O empreendimento foi tão bem sucedido que inspirou os Ingleses a fazerem mesmo.

​

Conforme conta o autor, A mania se espalhou pelos cafés e os cafés se espalharam pela Grã-Bretanha, eram tantos e alguns tão próximos que um lugar especificamente ficou conhecido como Exchange Alley. A coisa ficou tão séria que em pouco tempo as empreitadas das companhias eram apenas coadjuvantes, o que movia as negociações eram as especulações, inclusive de derivativos.

 

​

CRISE ECONÔMICA

 

Toda crise econômica pela qual o mundo passa mais cedo ou mais tarde tem um culpado. Nas palavras de Alexandre Versignassi esse culpado é o cérebro humano. Se por um lado a busca por satisfação individual levou a humanidade a realizar algo bom, como o comércio, por outro lado essa mesma busca, por vezes, levou a humanidade a um lugar um pouco mais obscuro, a bolha financeira.

​

Em toda a história da humanidade sempre houve alguns sentimentos difíceis de conter, como a ganância e a inveja. Esses sentimentos desencadeiam se não todas, pelo menos 99% das bolhas financeiras que o mundo viveu. O autor exemplifica esse mecanismo com casos que vão desde a descoberta de um tesouro espanhol, passando pelo boom da internet até a crise do subprime de 2008, todos levando ao mesmo lugar.

​

O autor conta a história do capitão William Phillips, que voltou do mar com 32 toneladas de prata de um navio espanhol que havia afundado e deu início à primeira bolha de que se tem notícia. A caça ao tesouro virou febre e as empresas passaram a lançar ações nos cafés da Exchange Alley. Não é preciso muita imaginação para saber o que aconteceu em seguida, a ganância e a inveja tomaram conta. Mas será que essas empresas conseguiriam retirar esses tesouros do fundo do mar para atender à expectativa de toda essa gente? Nós brasileiros tivemos a nossa própria história envolvendo o fundo do mar e expectativas elevadas demais.

​

Passando por histórias como a de um condenado escocês que fundou o Banque Générale na França, a queda de Sir Isaac Newton diante da bolha criada por John Blunt, o golpe de Naji Nahas na bolsa do Rio de Janeiro e o boom da internet o autor chega à crise de 2008. Sem se perder em meio a nomes complicados de serviços financeiros e de forma bem humorada Alexandre Versignassi acompanha passo a passo os acontecimentos que levaram o Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento do mundo, à falência e o mundo todo a uma crise de crédito.

​

​

MALABARISMOS DO SISTEMA FINANCEIRO

 

Para que tudo funcione perfeitamente no momento em que você usa o seu cartão para pagar uma conta o seu Banco, junto com todo o sistema bancário, precisa fazer alguns malabarismos, o autor chama isso de física quântica do dinheiro. O banco faz com que o seu dinheiro esteja em dois ou mais lugares ao mesmo tempo.

​

Para demonstrar como funciona o “fator multiplicador bancário” o autor conta de forma simples como funciona a lógica aplicada pelo banco para que o dinheiro que estava parado na sua conta ajude a economia a crescer. Basicamente o banco usa o dinheiro parado na sua conta para fazer empréstimos, o indivíduo que emprestou paga um terceiro que deposita novamente no banco, assim o seu dinheiro está na sua conta e também na conta de quem recebeu através do empréstimo feito pelo banco, além disso, o banco ainda lucra com os juros do empréstimo. Mas é claro que isso é só uma explicação simplificada, Alexandre Versignassi vai além e explica como o governo controla essa multiplicação do dinheiro, e que mecanismos o governo usa para pegar dinheiro emprestado. Você já ouviu falar de “overnight”?

​

​

O QUE MUDA NA 2ª EDIÇÃO?

 

Se você comprar a primeira ou a segunda edição deste livro você terá em mãos essencialmente a mesma história do dinheiro. Na segunda edição o autor atualiza algumas informações e acrescenta dois capítulos. O primeiro “A insustentável riqueza do euro” trata da União Europeia e a utilização do Euro como uma espécie de padrão-ouro e como uma moeda super valorizada, juros baixos e fluxo fácil tirou as economias menores da Europa dos eixos. O segundo capítulo adicionado “The man who sold the world”, ao contrário da música de David Bowie que não deixa claro de quem se trata, é dedicado especificamente a Eike Batista o homem que segundo Alexandre Versignassi vendeu o mundo, e não entregou.

​

​

AUTOR

​

Alexandre Versignassi é jornalista e diretor de redação da revista Super Interessante da Editora Abril. Foi finalista do Prêmio Esso em 2010 e ganhou duas vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Especializado em jornalismo científico, iniciou a carreira como repórter e colunista da Folha de S.Paulo e foi editor das revistas Sapiens e Flashback, também da Abril. Nos últimos anos, passou a se dedicar ao jornalismo econômico mantendo a mesma proposta das publicações científicas: tornar interessante aquilo que é relevante e mostrar a relevância do que parece meramente interessante. Crash segue essa premissa.

​

​

NOTAS

​

Fluidez da Leitura

​

​

 

Aprofundamento

​

​

​

Design/Diagramação

​

​

​

Atualidade

​

​

​

Preço

​

​

​

Autor

​

​

​

Nota Geral

​

​

​

​

- Leandro Lima

Curtiu o review? Quer saber mais sobre a história da economia?

​

Então compre o livro pelo nosso link do programa de Associados Amazon e ajude o Clube a crescer!

bottom of page