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Carta Conjuntura Outubro – Clube I&F UFPR

 

Guinada à direita.

 

PANORAMA GERAL

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Caro leitor,

 

“É melhor Jair se acostumando...” A frase anterior, que até pouco tempo parecia brincadeira, agora se tornou realidade. Com cerca de 57,8 milhões de votos Jair Messias Bolsonaro foi eleito o novo Presidente da República, deixando várias viúvas pelo caminho.

 

O cenário pouco crível por milhões de pessoas até o último minuto de apuração tem alguns pontos simples de diagnóstico. O primeiro deles é o movimento antipetista, após 13 anos no poder, uma série de escândalos de corrupção (Mensalão, Petróleo, Lava Jato..), além da maior crise econômica da história do país, o povo (ao menos a sua maioria) cansou da perpetuação do loteamento estatal feito pelo governo de esquerda.

 

Um segundo aspecto é a defesa de suas posições desde antes da campanha. Questões como combate à corrupção, contra a proteção de marginais, a favor da proteção de cidadãos do campo, de luta contra facções criminosas, do “direito” ao porte de arma e principalmente a defesa de valores familiares e princípios morais. Assim, quem votou no ex-capitão sabia o que estava levando.

 

O terceiro ponto a se destacar é a indefinição do discurso dos adversários em campanha. Além da mira míope ao atacar os adversários, nem o dinheiro, espaço na TV ou coligações partidárias foram suficientes para vencer uma candidatura sem dinheiro, em um partido nanico e que teve contra si durante muito tempo a imprensa e a maioria dos partidos.

 

A recente vitória pode também ser comparada em certa medida a dois outros casos na história republicana: Jânio Quadros (1960) e Fernando Collor (1989), no quais os candidatos eleitos eram vistos como outsiders na política, não possuíam bases políticas tradicionais e possuíam discursos que capturaram os anseios dos eleitores. Porém, há ressalvas e pontos de atenção ao chefe de Estado, pois, quando o passado fala, o presente deve ouvir e analisar para a construção de um futuro melhor: Quadros governou apenas sete meses e renunciou, e Collor governou pouco mais de dois anos e sofreu impeachment por conta de acusações de corrupção. A semelhança entre os ex-presidentes é a de que não possuíam apoio do Congresso (situação aparentemente diferente da de Bolsonaro).

 

Ganhar a eleição é difícil; derrotar forças poderosas, mais ainda. No entanto, as dificuldades começam mesmo quando se chega ao governo. As qualidades para ganhar a eleição são diferentes das que impulsionam o governo. Para vencer, é preciso falar a linguagem do povo.

 

Nesse sentido, podemos citar a fala do cantor Mano Brown em críticas ao PT a respeito da dificuldade de comunicação com a pirâmide social, mas que acomete também os demais partidos:

 

 

 

“[...] eu não consigo acreditar que pessoas que me tratavam com tanto carinho, me respeitavam, me amavam, me serviam o café de manhã, lavavam meu carro, que atendiam meu filho no hospital... se transformaram em monstros. Eu não posso acreditar nisso. Eu não posso acreditar, essas pessoas não são tão más assim.

 

Se em algum momento o pessoal daqui falhou [chapa Haddad] vai pagar o preço, porque a comunicação é a alma. Se não conseguir falar a língua do povo vai perder mesmo [...]”

 

 

 

Por hora o diagnóstico do governo parece estar certo: o atual sistema político alimenta a corrupção e é necessário seu enfrentamento por meio da reforma política, resta saber como pôr em prática. A direção do executivo também já foi apontada: conservadora nos costumes, liberal na economia, reformador na política, reorientador nas relações externas.

 

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Neste ano que representa o aniversário de trinta anos da Constituição, desejo que o futuro presidente tenha sorte e sabedoria nos próximos quatro anos e possa elevar a República a um patamar superior, trazendo desenvolvimento econômico e social para sua população.

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ECONOMIA

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Manutenção dos juros, conforme esperado: O COPOM optou por unanimidade pela manutenção da Selic em 6,5% em sua última reunião (31/10), sinalizando estabilidade nesse patamar até que o balanço de riscos piore. Na avaliação do quadro internacional, a visão é a de que o cenário segue desafiador para as economias emergentes, tendo como principais riscos a normalização das taxas de juros de economias avançadas e as incertezas em relação ao comércio global. O colegiado reforçou a percepção de que a recuperação da atividade econômica tem ocorrido em ritmo mais gradual do que o vislumbrado anteriormente e que as medidas de inflação subjacentes se encontram em níveis apropriados. O Banco Central permaneceu sinalizando que um processo de normalização da política monetária requer piora no balanço de riscos e que eventuais altas tendem a ser graduais. Também destacou a importância da percepção de continuidade da agenda de reformas domésticas sobre as expectativas e projeções macroeconômicas.

 

Focus Ajustado: De acordo com o Relatório Focus divulgado em 31/10, o mercado fez ligeiros ajustes em suas projeções macroeconômicas para este e o próximo ano. A mediana das projeções da taxa de câmbio no final de 2018 foi ajustada de R$/US$ 3,75 para R$/US$ 3,71, mantendo-se em R$/US$ 3,80 para o encerramento de 2019. Já a mediana das projeções do IPCA deste ano foi ajustada de uma alta de 4,44% para outra de 4,43%, enquanto que para o ano que vem continuou apontando para uma elevação de 4,22%. A mediana para o crescimento do PIB em 2018 passou de 1,34% para 1,36%, e teve ligeiro ajuste para 2019, de 2,49% para 2,50%. Por fim, as expectativas para a taxa Selic seguiram inalteradas, em 6,50% e 8,00% no final dos dois períodos, respectivamente.

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IPCA outubro em alta: O IPCA registrou alta de 0,45% em outubro, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. O resultado veio abaixo da mediana das expectativas do mercado (0,56%). O recuo em relação a setembro, quando o índice registrou alta de 0,48%, refletiu principalmente as variações nos grupos de transportes e de habitação – que desaceleraram de 1,69% para 0,92% e de 0,37% para 0,14%, respectivamente –, contrabalanceadas pelo avanço em alimentação e bebidas. Dentro de transportes, os principais vetores foram gasolina e passagens aéreas – o primeiro apresentando a dissipação dos efeitos do reajuste. Já em habitação, destaque para a desaceleração de energia elétrica, que deve continuar recuando de acordo com a mudança de bandeira tarifária anunciada (para amarela). O grupo de alimentação e bebidas, em sentido contrário, passou de 0,10% para 0,59%, com destaque para as altas nos preços de tomate e batata, além da desaceleração da deflação do leite. Com isso, o IPCA acumulou elevações de 4,56% nos últimos doze meses e de 3,81% neste ano.

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Melhora no mercado de trabalho: os dados divulgados do Caged pelo ministério do trabalho em 22/10, registraram criação líquida de 137.336 vagas formais em setembro. Esse resultado foi superior às expectativas do mercado (criação de 82 mil vagas). O número de admitidos avançou 0,7% na margem, enquanto o de desligados recuou 0,3%. O salário médio dos admitidos seguiu desacelerando e avançou 2,6% na comparação interanual, mantendo-se em patamar baixo. Dessa forma, o resultado reportado é compatível com um quadro de melhora do mercado de trabalho, ainda que de forma bastante lenta, e continua sugerindo ausência de pressões inflacionárias advindas dos salários

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Balança comercial superavitária: a balança comercial registrou superávit de US$ 6,1 bilhões em outubro de acordo com dados divulgados na última quinta-feira (01/11) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Em termos anualizados e levando em consideração os ajustes sazonais, o resultado é    

equivalente a um superávit de US$ 79,5 bilhões. A exportação do mês alcançou a cifra de US$ 22,2 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 16,1 bilhões. Na comparação com outubro de 2017, as vendas externas registraram crescimento de 12,4%. Aumentaram os embarques de produtos básicos, de manufaturados e de semimanufaturados. Ainda na comparação interanual, as importações apresentaram aumento de 12,4%. Cresceram as compras principalmente de combustíveis e lubrificantes e de bens intermediários. Na margem, excluindo as operações de petróleo, os embarques tiveram alta de 2,3%, enquanto as compras externas recuaram 4,5%. Dessa forma, de janeiro a outubro o saldo comercial acumulou um superávit de US$ 47,7 bilhões.

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Fluxo cambial superavitário: o fluxo cambial apresentou superávit de US$ 334 milhões em outubro, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. As contas comercial e financeira caminharam em sentidos opostos, ao registrarem entrada líquida de US$ 2,4 bilhões na primeira e saída de US$ 2,1 bilhões na segunda. O superávit da conta comercial foi resultado de câmbio contratado para exportações de US$ 19,2 bilhões, superiores aos quase US$ 16,8 bilhões contratados para importações. Já o saldo negativo da conta financeira foi reflexo das compras de quase US$ 51,0 bilhões, abaixo das vendas de aproximadamente US$ 53,1 bilhões. Com esse resultado, o fluxo cambial acumulou superávit de US$ 17,4 bilhões no ano.

   

Continuidade do aperto de juros nos EUA: A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária dos EUA (FOMC, na sigla em inglês), divulgada em 17/10, trouxe um tom um pouco mais forte, sugerindo continuidade do aperto das condições monetárias nos próximos meses. Na divulgação do comunicado após a decisão de elevação da taxa básica, no dia 26 de setembro, o FOMC retirou o termo “acomodatícia”, que vinha sendo utilizado anteriormente para caracterizar o nível vigente de juros da política monetária. Na ata, referente àquela reunião, o banco central norte-americano apresentou mais detalhes em relação à opção de suprimir o referido termo. Apesar dessa alteração ter sinalizado maior proximidade da taxa de juros de seu nível neutro e que as futuras altas se tornam mais condicionais à situação econômica, o Fed voltou a minimizar a importância dessa mudança comunicacional. A instituição ressaltou que é grande a incerteza quanto ao nível neutro de juros. Ademais, o documento voltou a apresentar uma visão mais otimista com o crescimento econômico. No tocante à expectativa para os preços, o colegiado ressaltou que o cenário é compatível com inflação ao redor da meta nos próximos meses, porém destacou algumas evidências de pressão, refletindo o quadro de atividade doméstica aquecida e de alta nas tarifas de importação. Também houve a explicitação da avaliação de que os sinais de aceleração nos salários ainda são incipientes, mesmo com o desemprego bem baixo. Com relação ao cenário de risco, o colegiado voltou a destacar um possível contágio para os EUA de uma piora na percepção de risco das economias emergentes (em particular Argentina e Turquia). Em suma, a autoridade monetária norte-americana deverá manter a estratégia de normalização gradual dos juros, realizando mais uma alta em dezembro e mais duas elevações em 2019.

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Banco Central do México manteve juros em 7,75%: O Banco Central do México (Banxico) decidiu manter a taxa de juros em 7,75% ao ano, nível vigente desde junho. Essa decisão veio em linha com a mediana das expectativas do mercado. No comunicado divulgado após a decisão, a instituição reconheceu a permanência da incerteza sobre a economia mundial, por conta de disputas comerciais, aperto de condições financeiras e riscos geopolíticos. Tais fatores, segundo a autoridade monetária mexicana, têm impactado negativamente as moedas das economias emergentes. No entanto, a instituição reconheceu que a moeda local, o peso, tem respondido de forma mais resiliente a esse cenário global, em parte por conta de uma política macroeconômica prudente e por causa da sinalização de acordo com EUA e Canadá. Além disso, o documento divulgado atribuiu ao “ambiente complexo” da economia mexicana o viés para baixo dos riscos para o crescimento econômico doméstico e sugeriu medidas como o aumento de produtividade e consolidação das finanças públicas para mitigar o risco 

de aperto das condições financeiras externas. Dessa forma, o comunicado ressaltou que a inflação nos próximos meses permanecerá sujeita a riscos e incertezas. Diante de tal cenário, a autoridade monetária decidiu adotar uma postura mais prudente, ressaltando que permanecerá monitorando os riscos para a inflação doméstica.

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Manutenção de juros no BCE: Conforme esperado pelo mercado, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas. A taxa de liquidez está em 0%, a de depósito em -0,4% e a de refinanciamento em 0,25%. No comunicado divulgado após a decisão, a instituição reforçou que as condições monetárias continuaram estimulativas e que pretende manter estas taxas inalteradas ao menos até meados de 2019 (até o verão no hemisfério norte). Contudo, reafirmou que encerrará o programa de compras de ativos, hoje em 15 bilhões de euros mensais, em dezembro desse ano. Ao mesmo tempo, o BCE destacou que manterá a rolagem do estoque total de ativos acumulados pela instituição até então. Em discurso, Mario Draghi (presidente do BCE) voltou a apresentar um tom otimista com relação à convergência da inflação para a meta e com relação ao crescimento do PIB. Por fim, com relação à Itália, Draghi afirmou que problemas fiscais estão fora do escopo da decisão de política monetária, mas apresentou uma visão otimista com relação ao tema, destacando que acredita num consenso entre a Comissão Europeia e o governo italiano.

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Desaceleração da atividade chinesa: PMI chinês continuou mostrando desaceleração da atividade econômica em outubro O ritmo de expansão do setor manufatureiro chinês registrou recuo de 0,6 ponto na passagem de setembro para outubro, conforme divulgado ontem pelo órgão governamental de estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O indicador apura informações de grandes empresas e de estatais. Assim, o Purchasing Managers´ Index (PMI) oscilou de 50,8 para 50,2 pontos no período, ficando abaixo do esperado pelo mercado (50,6 pontos), mas ligeiramente acima do nível neutro (50 pontos). O recuo foi generalizado entre os componentes do indicador, com destaque para as quedas das aberturas de produção e de encomendas. O PMI de serviços também mostrou piora, oscilando de 54,9 para 53,9 pontos, bem abaixo das expectativas (54,6 pontos).

No terceiro trimestre, a economia chinesa cresceu 6,5% na comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com o órgão oficial de estatísticas do país, que também divulgou dados de atividade referentes a setembro. Essa velocidade de expansão veio ligeiramente inferior à observada no primeiro trimestre (6,7%) e às expectativas do mercado (6,6%). Na comparação com o período imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais, a desaceleração foi notável, passando de um crescimento de 1,8% no segundo trimestre, para outro de 1,6% no terceiro, dentro das expectativas. Já os dados de atividade de setembro tiveram um movimento misto, com arrefecimento da produção industrial e ligeiro avanço dos investimentos e das vendas do varejo. A variação interanual da produção industrial desacelerou de 6,1% em agosto para 5,8% em setembro, ficando abaixo da mediana das expectativas, que indicava moderação para 6,0%. Os investimentos em ativos fixos passaram de uma alta de 5,3% para outra de 5,4% considerando o acumulado do ano, impulsionados pela indústria manufatureira, enquanto os setores de infraestrutura e imobiliário continuaram perdendo ritmo. Por fim, as vendas no varejo subiram 9,2%, ficando acima das expectativas e do crescimento registrado em agosto, ambos de 9,0. Ao longo dos últimos meses, o governo tem aliviado as políticas econômicas, mas a resposta da economia tem sido lenta e aquém da esperada.

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FMI reavalia projeções de crescimento mundial: o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as suas projeções de crescimento do PIB global de 2018 e de 2019, para 3,7% em cada um dos dois períodos. Em julho, as duas projeções eram de 3,9%. De acordo com a instituição, a reavaliação baixista reflete as surpresas com a atividade econômica de alguns países desenvolvidos nos primeiros meses do ano, os efeitos negativos das medidas de restrição comercial e as perspectivas mais fracas para algumas nações emergentes, por conta de fatores específicos, condições financeiras mais apertadas, tensões geopolíticas e maiores gastos com importação de petróleo. O FMI incorporou na análise os impactos projetados da guerra comercial entre EUA e 

China, aumentos adicionais de juros por parte do Fed (para 3,5% em 2019), aperto adicional das condições financeiras globais e preço médio do barril de petróleo em US$ 69,38 neste ano, cedendo para US$ 68,76 em 2019, dentre outras premissas. As economias desenvolvidas deverão crescer 2,4% e 2,1% neste e no próximo ano (2,4% e 2,2% nas projeções divulgadas em julho), enquanto as emergentes deverão avançar 4,7% e 4,7%, respectivamente (4,9% e 5,1%, anteriormente). Para o Brasil, em particular, o Fundo projeta taxas de avanço de 1,4% e de 2,4%, nessa ordem, para os dois períodos

 

POLÍTICA

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1º turno: A apuração do resultado eleitoral, 08/10, levou a disputa pela presidência para o segundo turno, marcado para o dia 28. O candidato Jair Bolsonaro (PSL) obteve 49,3 milhões de votos (46% dos votos válidos), enquanto o candidato Fernando Haddad (PT) obteve 31,3 milhões de votos (29,3% dos votos válidos). A abstenção foi de 20,3% contra 19,4% na eleição passada.

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Melhor Jair se acostumando:  a apuração do último dia 28 teve como resultado o ex-deputado Jair Bolsonaro a se tornar o oitavo presidente do Brasil no período pós-redemocratização. O candidato do PSL obteve aproximadamente 57,8 milhões de votos (55,1% dos votos válidos), superando o candidato Fernando Haddad, do PT, que obteve aproximadamente 47,0 milhões de votos (44,9% do total de válidos). Passada a eleição, as atenções se voltam, para a fase de transição de governo e a definição de nomes para a futura equipe ministerial, bem como para a sinalização das primeiras medidas que serão tomadas a partir e 1º de janeiro de 2019, data da posse.

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Moro ministro da Justiça: O juiz Sergio Moro, um dos principais símbolos de combate à corrupção no país, aceitou o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro feito em 01/11 para comandar o superministério da Justiça. O ministério deve incorporar as funções da pasta de Segurança Pública e, consequentemente, ele passará a comandar a Polícia Federal. Também deve incorporar órgãos como a pasta de Transparência, a Controladoria-Geral da União e o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

“Na prática [aceitar o convite] significa consolida os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências “ Sergio Moro.

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Paulo Guedes em superministério:  o economista Paulo Guedes vai ocupar o Ministério da Economia, uma fusão da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio. Guedes estudou na Universidade de Chicago, um dos maiores centros de liberalismo econômico mundial e convenceu Bolsonaro a incluir medidas de abertura econômica e de diminuição do tamanho do Estado em seu programa de governo. Entre as pautas do novo governo a principal preocupação é em relação a crise nas contas públicas que precisam ser urgentemente resolvidas. Nesse mote está a necessidade de aprovação da Reforma da Previdência, Privatizações e diminuição de despesas com juros da dívida pública.

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Delação do Palocci: em 01/10 tornou-se público o primeiro termo de delação premiada de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff. Nela, afirma que Lula sabia do esquema de corrupção na Petrobras pelo menos desde 2007. Além disso, há as seguintes informações: houve pagamento de propina para cerca de 90% das medidas provisórias editadas nos governos Lula e Dilma; as campanhas de Dilma em 2010 e 2014 custaram, segundo Palocci, R$ 1,4 bilhão, mais que o dobro do valor declarado à Justiça Eleitoral; foram desviados 3% dos valores de todos os contratos de publicidade da Petrobras para pagamento de propina. Como parte do acordo de delação, Palocci espera ter 2/3 de sua pena reduzida e terá de pagar multa de R$ 37,5 milhões.

Colômbia cessa negociações: O presidente colombiano, Iván Duque, disse no último dia 10 não haver mais condições de continuar as negociações entre o Estado com a guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional). Iniciadas há 17 meses e suspensas temporariamente no primeiro semestre por causa da quebra de um cessar-fogo, elas tinham como finalidade formular um tratado que incluiria redução de penas ou mesmo anistia a guerrilheiros em troca de desmobilização.

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A interrupção do processo deixa em suspense qual será a política do governo para combater a principal guerrilha em atividade no país e qual será a reação de seus integrantes, hoje divididos entre os que querem um acordo de paz e os que hesitam diante de falhas na implementação do acordo firmado com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em 2016.

 

Governo italiano eleva meta de déficit: O novo governo da Itália propôs um orçamento para 2019 com um déficit três vezes maior do que sua meta anterior, estabelecendo um conflito com as regras da União Europeia e provocando a venda de títulos públicos. A Itália tem a maior dívida entre as grandes economias da União Europeia, a 130% do Produto Interno Bruto. O país está sob pressão da UE para conter seus gastos, em meio a temores de que a situação possa plantar as sementes de uma crise de dívida no coração da zona do euro. Com quatro meses de atraso, o governo divulgou na quinta-feira (27) um orçamento com déficit de 2,4% do PIB para os próximos três anos, para financiar uma grande expansão dos gastos sociais, redução de impostos e um aumento no investimento em infraestrutura pública.

 

Díaz -Canel defende fim de embargo: O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou na quarta-feira (26), em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, que dará continuidade às ideias políticas de Fidel Castro, defendeu o fim do embargo dos Estados Unidos e criticou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa ao petista, preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba após ser condenado por corrupção e impedido de disputar as eleições de outubro com base na Ficha Limpa, fez parte de uma série acusações feitas por Díaz-Canel sobre intervenções que estariam ocorrendo em países latino-americanos. O presidente cubano citou, especificamente, os casos de Venezuela e Nicarágua.

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Díaz-Canel também analisou os retrocessos nas relações entre os EUA e Cuba, colocando a culpa na postura assumida por Donald Trump depois de chegar ao poder e nos ataques sofridos por diplomatas americanos na ilha, caso que ainda é investigado. Para Díaz-Canel, o embargo continua sendo o elemento que define a relação entre Cuba e EUA. No entanto, segundo o presidente cubano, a atuação americana está indo mais longe, promovendo também programas públicos e secretos para tentar intervir nos assuntos da ilha.

 

Aprovada emenda previdenciária na Rússia: A Duma, a Câmara dos Deputados da Rússia, aprovou no último dia 26 as emendas ao projeto de lei que reforma o sistema de previdência, propostas pelo presidente Vladimir Putin, em particular para aumentar em cinco anos, e não em oito, a idade de aposentadoria para as mulheres. O projeto inicial apresentado pelo governo, aprovado em primeira leitura apenas com os votos do partido governista Rússia Unida, contemplava elevar a idade de aposentadoria de 60 para 65 anos (homens) e 55 para 63 anos (mulheres).

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As emendas presidenciais foram aprovadas por unanimidade pelo plenário do Legislativo, que examina em segunda leitura a reforma da previdência, responsável por provocar inúmeros protestos em todo o país.

 

Argentina em crise: A Argentina atravessa uma forte crise financeira e acertou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de US$ 50 bilhões, pelo qual o governo se compromete a reduzir seu déficit a 1,3% do Produto Interno Bruto em 2019. Em cenário de ajustes fiscais, recentemente foi surpreendida por uma greve geral, promovida pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), que visava protestar contra os ajustes do governo em meio à crise que afeta o país pela desvalorização abrupta do peso argentino registrada desde o final de abril, a alta inflação (que deve superar 40% em 2018), e a queda da atividade econômica.

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INTERNACIONAL

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Acordo em substituição do NAFTA: EUA e Canadá fecharam um acordo em substituição ao Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA). Segundo autoridades americanas, o pacto permitirá que o Canadá se junte a um acordo selado no fim de agosto entre EUA e México e reduz as chances de que o presidente dos EUA, Donald Trump, cumpra ameaças de acabar com o NAFTA ou dividir o pacto trilateral. O novo pacto se chamará Acordo dos EUA-México-Canadá, ou USMCA (pela sigla em inglês). Também é estabelecido, pela primeira vez, regras para serviços financeiros e negócios digitais que surgiram desde que o Nafta foi criado, de forma a atender os interesses de vários setores - de empresas farmacêuticas aos mercados financeiros. Donald Trump, em entrevista local, ressaltou o novo acordo, que deverá gerar US$ 1,2 trilhão ao país. Segundo Trump, este é “provavelmente o pacto comercial mais importante que já fizemos”.

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Itália em crise:  governo italiano anunciou o déficit orçamentário para os próximos três anos em 2,4% do PIB. O ministro da fazenda gostaria que fosse de 1,6%. A Itália está a apenas dois cortes de rating para perder o selo de bom de pagador (investment grade). Assim, a Itália tem a 2ª maior dívida PIB da Europa, perdendo apenas para a Grécia.

O Governo italiano -- em resposta à Comissão Europeia -- informou que não fará alterações em sua proposta de orçamento, conforme solicitado pela União Europeia. Lembrando: a principal crítica da Comissão era com relação ao orçamento proposto pelo governo italiano que deverá inflar os gastos do governo. A previsão é de um déficit fiscal de 2,4% do PIB em 2019. Giuseppe Conte, primeiro ministro italiano, descartou também qualquer possibilidade de seu país deixar a zona do euro e a UE. “Isso não está em discussão neste momento”, afirmou a jornalistas. Giovanni Tria, atual ministro da fazenda da Itália, também assegurou que as metas de endividamento impostas pela UE seriam respeitadas.

 

Era uma vez, Guerra Comercial: as tensões comerciais entre EUA e China se intensificaram no último dia 08/10, após visita de Mike Pompeo, secretário de Estado do governo Trump, à Beijing. O Ministro do exterior chinês, Wang Yi, voltou a criticar a postura dos americanos e defendeu que uma conduta de maior cooperação entre os países deveria ser tomada. Pompeo, em resposta, ressaltou um “desentendimento fundamental entre as partes”.

Em meio à intensificação das tensões da guerra comercial Sino-Americana, o Presidente Donald Trump, através de suas redes sociais, declarou que teve uma conversa “muito boa” com o Presidente Chinês, Xi Jinping. Este encontro, que deve se repetir durante o comício do G20 na Argentina, gera a esperança sobre uma possível trégua na disputa. Essa nova perspectiva dá folego aos ativos de risco em escala global, que tem sessão positiva.

 

Ataques Terroristas nos EUA: Autoridades federais dos EUA prenderam um homem suspeito de estar envolvido com o envio de cartas-bomba a democratas e críticos do governo do presidente Donald Trump, disseram fontes policiais à emissora "CNN". A informação foi confirmada pelo Departamento de Justiça americano. O sujeito tem cerca de 50 anos, histórico criminal e mora na Flórida. Desde a 2ª feira (22), 12 caixas com explosivos foram enviadas a filiados ao Partido Democrata e a críticos de Donald Trump. As autoridades já haviam detectado que a grande parte dos pacotes eram enviados da Flórida via correio. Pacotes foram enviados a personalidades como George Soros, Barack Obama, Hillary Clinton, o ex-vice presidente americano Joe Biden. As autoridades, que classificaram o envio das bombas como terrorismo, afirmaram que todas elas foram distribuídas pelos Correios. O episódio aconteceu menos de duas semanas antes das eleições legislativas americanas de 6 de novembro, onde a maioria republicana na Câmara e no Senado está em jogo. Nenhum dos artefatos chegou a estourar e ninguém ficou ferido. Especialistas em artefatos explosivos e agentes de segurança afirmaram que o caráter rudimentar das bombas indicava que elas foram pensadas mais para provocar medo do que propriamente destruição.

Tensão nas fronteiras: O presidente Donald Trump enviou mais de 800 soldados do exército americano para a fronteira com o México, na antecipação das caravanas de imigrantes que vem da Guatemala e de Honduras. O grupo de imigrantes, que busca refúgio dos problemas que afligem seus países, recentemente atravessou a fronteira do México em direção aos Estados Unidos. Este episódio pressiona o Presidente, pois ele precisa acenar para o seu eleitorado, dada as eleições parlamentares em novembro, e ainda pode gerar atrito com o México ameaçando o tratado do NAFTA assinado por ambas as partes.

 

Agradeço ao caro leitor pela atenção em mais esta edição e deixo aqui o convite para as próximas.

Bons investimentos e até dezembro!

Atenciosamente,

 

Marcelo Takao Tano

Fundador e Diretor Financeiro

Economia/Política/Internacional

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