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Carta Conjuntura Março – Clube I&F UFPR

 

O Silêncio dos Inocentes

 

PANORAMA GERAL

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Caro leitor,

 

Às vezes me pergunto: realmente queremos mudanças? Realmente estamos preocupados com o desenvolvimento do país? Tomando como base as atitudes que nos trouxeram ao atual estágio em que se encontra o país a resposta para esta indagação parece ser negativa. Nesse sentido, complemento o questionamento introduzido acima com a brilhante colocação, com a merecida acidez, de Bolívar Lamounier:

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“Consta que Deus realmente se empenhou em ser brasileiro, mas desistiu quando constatou quantos incompetentes, irresponsáveis e desmiolados fazem parte de nossas elites políticas, econômicas, sindicais, empresariais, clericais etc. Não quis emprestar seu prestígio a um País de tal forma obcecado pelo fracasso”

 

Vivemos a muito tempo num estado passivo de comodidade e conformismo, assistindo à combinação perfeita para uma tragédia ou tragicomédia (que na verdade é um filme de terror), esperando, ingenuamente, um final feliz. Porém, nessa romantização política em que vivemos, onde ânimos são colocados à frente da razão e, principalmente, da nação não nos levaram e nem nos levarão a lugar nenhum. Corrigindo, nos levará para o abismo!

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Neste filme, chamado “Brasil”, vemos os atores (políticos) digladiando-se, falando sandices, fazendo piada, nos fazendo de piada, sendo alvo de casos de corrupção e outros inúmeros delitos. A plateia (nós) observa, torce, discute, mas não atua. Quando tomaremos nosso papel de protagonistas? Quando seremos responsáveis pela construção do enredo? Quando decidiremos o final dessa história?

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O brasileiro parece viver uma eterna Síndrome de Estocolmo, onde após muito tempo sofrendo começou a ter simpatia pelos políticos.

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Termino assim esta reflexão com a frase de Martin Luther King:

 

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”

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ECONOMIA

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Focus ajustado: no Relatório Focus do dia 01/04 as projeções de crescimento do PIB foram reajustadas para baixo, passando de 2,00% para 1,98% em 2019 e de 2,78% para 2,75% em 2020. Em relação à inflação, as medianas das projeções permaneceram inalteradas em 3,89% e 4,00% para este e o próximo ano, nessa ordem. A mediana das projeções para a Selic ainda indica manutenção da taxa em 6,50% até o final de 2019, encerrando 2020 em 7,50%. Referente ao câmbio as projeções são de cotações de R$/US$ 3,70 e R$/US$ 3,75 no encerramento dos dois períodos.

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Manutenção da Selic: o Copom decidiu no último dia 20/03 por manter a taxa básica de juros em 6,50%, em linha com o já esperado. No comunicado divulgado após a decisão, o colegiado reconheceu que o desempenho da atividade econômica tem sido aquém do esperado e que o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico – alterando a avaliação dos comunicados anteriores, de assimetria. Em relação ao balanço de riscos, o BC manteve os principais fatores de acompanhamento: do lado baixista, o risco é que o nível de ociosidade da economia leve a uma trajetória abaixo do esperado. Do lado altista, permanecem os riscos associados à

possível frustração em torno da agenda de reformas, que poderiam ser agravados diante de uma deterioração do cenário externo. Nesse comunicado, porém, o Comitê reconheceu simetria no balanço de riscos, além de suprimir a afirmação de que considera um peso maior dos riscos altistas em sua avaliação. Outro recado importante se refere aos efeitos dos choques aos quais a economia brasileira foi submetida no ano passado. Segundo o Copom, é necessário observar o comportamento da economia ao longo do tempo, e a avaliação dos efeitos desses choques não deve ser concluída no “curto prazo”, o que pode sugerir que o plano de voo inicial é o de manutenção da Selic na próxima reunião. Corroboram ainda para o cenário baixista: (i) o menor carregamento estatístico, diante da surpresa baixista com o PIB do quarto trimestre; (ii) os efeitos do acidente em Brumadinho sobre a produção da indústria extrativa; (iii) revisões das estimativas para a safra agrícola; e (iv) a moderação em alguns indicadores já conhecidos.

 

Prévia do PIB desanima: O IBC-Br, proxy mensal do PIB, recuou 0,41% na passagem de dezembro para janeiro, ajustada a sazonalidade, conforme divulgado no último dia 18 pelo Banco Central. Na comparação interanual, houve avanço de 0,79%, também surpreendendo negativamente a expectativa de alta de 1,0%. Por fim, esse resultado e outros indicadores divulgados anteriormente sugerem uma recuperação mais gradual da atividade econômica do que o previsto inicialmente.

 

Surpresa de alta no IPCA: o IPCA surpreendeu para cima em março, registrando alta de 0,75%, conforme divulgado em 10/04. Mesmo tendo ficado acima do esperado pelo mercado (0,62%), o indicador seguiu com uma abertura favorável, assim como observado nas últimas divulgações. Neste mês, foram destaques as surpresas altistas em Alimentação no Domicílio (2,07%) e Combustíveis (3,49%). Com essa divulgação, o IPCA acumulou 4,6% nos últimos doze meses e 1,5% no ano, o que merece atenção do Banco Central no monitoramento da economia.

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Balança comercial superavitária: o saldo comercial do mês de março ficou positivo em cerca de US$ 5,0 bilhões, de acordo com dados divulgados em 01/04 pela Secretaria do Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. A exportação do mês alcançou a cifra de US$ 18,1 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 13,1 bilhões. Sobre março de 2018, as exportações registraram queda de 1,0%. Aumentaram as saídas de produtos básicos. Por outro lado, recuaram as vendas de produtos manufaturados e de semimanufaturados. Assim, de janeiro a março, o saldo comercial acumulou um superávit de cerca de US$ 10,9 bilhões.

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Fluxo cambial deficitário: O fluxo cambial registrou saldo negativo de US$ 4,2 bilhões em março, de acordo com dados divulgados em 03/04 pelo Banco Central. O déficit no mês foi explicado pela conta financeira, que reverteu o movimento de fevereiro, registrando saídas de US$ 7,1 bilhões. A conta comercial, por outro lado, registrou entradas líquidas de US$ 2,9 bilhões. Mesmo com o resultado negativo no mês, o fluxo cambial ainda acumula superávit de US$ 4,4 bilhões no ano.

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Sem surpresas nos juros norte-americanos: o FOMC decidiu manter a taxa básica de juros inalterada (intervalo de 2,25% e 2,50% ao ano), em reunião realizada no último dia 20/03. Em relatório, o Fed manteve uma postura mais dovish, ou seja, mostrando-se mais preocupado com o crescimento econômico e menos com a inflação. No documento, o banco central salientou a desaceleração do ritmo de crescimento da economia norte-americana neste primeiro trimestre do ano, caracterizada como sólida até o trimestre anterior. Em linha com esse quadro, o FOMC rebaixou as suas projeções para o crescimento do PIB, de 2,3% para 2,1% em 2019, e de 2,0% para 1,9% em 2020. Também houve ajustes na inflação esperada: de 1,9% para 1,8% em 2019, e de 2,1% para 2,0% em 2020. Outra revisão importante foi relativa à mediana das projeções para a taxa básica de juro dos membros do colegiado, que passou a ser de estabilidade em 2019 e apenas uma elevação de 0,25 p.p em 2020 (anteriormente, o cenário mediano era de duas altas em 2019 e uma em 2020).

Mercado de trabalho aquecido nos EUA: O mercado de trabalho norte-americano registrou a criação de 196 mil vagas em março, conforme divulgado em 05/04 no payroll. O resultado recuperou parte do dado fraco do mês anterior, revisado para 33 mil, e surpreendeu o mercado (177 mil). A aceleração no período foi puxada principalmente pelo setor de serviços, também com destaque para o setor de construção, que após performance negativa no mês anterior (por conta do frio mais intenso), voltou a criar vagas. Já a taxa de desemprego apresentou o mesmo patamar registrado na leitura anterior (3,8%), mantendo-se nas mínimas históricas das últimas décadas.​

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Agradeço ao caro leitor pela atenção em mais esta edição e deixo aqui o convite para as próximas.

Bons investimentos e até maio!

 

Atenciosamente,

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Marcelo Takao Tano

Fundador e Conselheiro

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