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Carta Conjuntura Junho/Julho - Clube I&F UFPR

 

As Lições do Futebol

 

PANORAMA GERAL

 

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Caro leitor,

 

É, não foi dessa vez... vamos ter de esperar mais quatro anos para tentar buscar o tão sonhado hexacampeonato. Mas que lições podemos tirar do futebol, o queridinho nacional, e levar para a economia?

 

Nessa Copa, destaco alguns pontos verificados nos jogos e nas seleções:

 

1) Constância é o mais importante

2) Tradição apenas não ganha jogo

3) O coletivo é mais importante que o individual

4) Não devemos colocar esperanças em torno de um herói nacional

 

De maneira geral, as seleções que avançaram no campeonato foram as que apresentaram mais volume de jogo e constância em sua boa atuação nos jogos. Comparativamente, se um país quer alçar voos mais altos em termos de desenvolvimento econômico, ele deve investir continuamente em educação, saúde, infraestrutura, entre outros, pois uma boa atuação em jogos esporádicos não ganha campeonato.

 

Vimos também que o fator tradição, ou o "peso da camisa", já não tem mais tanta influência. Várias seleções ditas "favoritas" apresentaram desempenho pífio e foram desbancadas nas etapas iniciais do torneio.  Para a economia, a comparação seria que o estilo de jogo tem de ser mudado e deve-se ousar como um time "não favorito". Acabou essa história de vocação natural do país (focado exclusivamente em agricultura, comércio ou indústria) e o país que quer ser grande deve diversificar sua produção, adaptar sua estratégia, abrir a economia e inovar em cada jogo!

 

Outro ponto importante que percebemos foi a importância do coletivo. Seleções mais equilibradas foram mais longe na Copa. Assim, não importa ter apenas um bom ataque, uma boa defesa, um bom meio de campo.... deve-se atuar com constância e excelência em todas as áreas, ao mesmo tempo. Só assim haverá desenvolvimento no longo prazo.

 

Por fim, a importância de não se depositar todas as fichas em um herói nacional. Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar... todos falharam, e na economia e na política o mesmo acontece com ídolos. Em situações de crises é sempre mais fácil esperar que um salvador da pátria tire um coelho da cartola e reverta todo o problema. Não se engane! Muitas vezes o problema é grande demais, todos o conhecem, mas é mais fácil não assumir que ele existe. Mais fácil (e conveniente) é terceirizar a solução do problema, no qual o herói salvará o dia. Até que ele te decepciona... Aqui, mais uma vez, vem a importância do coletivo em detrimento do indivíduo. Na política sempre aparecem propostas populistas para problemas complexos, algumas vezes em favorecimento de grupos específicos para a manutenção de poder e privilégios, mas que possuem consequencias graves para a população de modo geral, que "paga a conta". Desconfie!!!

 

Enfim, o hexa não veio e economicamente o PIB já está acabado. Mas sabe algo em que podemos ainda sair vitoriosos este ano? Nas eleições!!!

 

Por isso, caro leitor, faço o apelo para que pondere bem suas escolhas em outubro. Pense nos planos, na consistência, no coletivo, na inovação e retire a ideia de que existe um salvador da pátria, fuja de ideias mirabolantes e populistas pois, apesar da semelhança de podermos tentar novamente a cada 4 anos, na economia e na política os impactos são infinitamente maiores que no futebol, e todos perdem nesse jogo.

 

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ECONOMIA

 

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PIB dos EUA voando: Dados divulgados pelo Bureau of Economic Analysis no último dia 24 indicam que o PIB dos Estados Unidos cresceu 4,1% no segundo trimestre de 2018, em termos anualizados e em comparação com o período imediatamente anterior. Após o resultado modesto do PIB entre janeiro e março, o segundo trimestre do ano apresentou forte expansão, com demanda e produção crescendo em ritmo sólido.

O aumento verificado entre abril e junho é resultado de aumento substancial da contribuição do  consumo privado (+2,69%), exportações líquidas (+1,46%). Frente ao cenário positivo, o FED não tende a mudar as suas percepções, devendo aumentar a taxa de juros em mais duas oportunidades até o final do ano.

 

Manutenção na Selic: o Copom decidiu em 20/06, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado. No que se refere à atividade econômica, a autoridade monetária pontuou que a recente paralisação dos caminhoneiros dificulta a leitura dos dados recentes, mas que o cenário básico é o de continuidade do processo de recuperação, em ritmo “mais gradual”. Na avaliação do quadro internacional, a visão é de que o cenário desafiador para países emergentes, e de volatilidade, em grande medida por conta da normalização da política monetária em algumas economias avançadas, se intensificou. Apontando que o cenário prescreve a manutenção de uma política monetária estimulativa, o Copom enfatizou que “não há relação mecânica entre os choques recentes e a política monetária”, que deve reagir apenas aos efeitos secundários desses choques sobre as projeções de inflação e o balanço de riscos, separando mudanças de preços relativos de processos inflacionários.

 

Nova meta para o IPCA: em reunião realizada no último dia 25/06, o CMN fixou a meta para a inflação de 2021 em 3,75% com intervalo de tolerância de 1,50%. As metas para 2018, 2019 e 2020, definidas anteriormente, continuam sendo de 4,50%, 4,25% e 4,00%, respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância. Segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Fazenda:

 

“esta perspectiva da inflação foi beneficiada pelo redirecionamento da política econômica e a adoção de reformas e ajustes que, combinados com a condução da política monetária, permitiram reancorar as expectativas de inflação”.

 

Focus estável: conforme relatório divulgado pelo Bacen no último dia 30, as principais variáveis macroeconômicas apresentam estabilidade nas projeções deste e do próximo ano. As medianas das projeções para o IPCA foram mantidas em 4,11% e 4,10%, respectivamente, nos dois períodos. As medianas para o PIB continuaram em 1,50% e 2,50%, enquanto as de Selic ficaram em 6,50% e 8,0% no final de 2018 e 2019, nessa ordem. Por fim, as expectativas para o câmbio no final de período continuaram em R$/US$ 3,70 nos dois anos.

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​Confiança do consumidor avançou em julho: o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor, divulgado em 30/07 pela CNI, avançou para 101,6 pontos em julho, resultado 5,7% inferior à média histórica, de 107,8 pontos. O resultado mensal está associado ao maior otimismo, por parte dos entrevistados, em relação ao emprego, renda pessoal, endividamento, situação financeira e compras de bens de maior valor, ainda que, por outro lado, as expectativas em relação à inflação pioraram na comparação inter anual. De modo geral, a retomada da confiança em julho, retornando ao patamar próximo do observado antes da paralisação no setor de transportes, indica um cenário de expansão bastante gradual da atividade econômica.

Recuo na confiança industrial: O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,5 ponto entre junho e julho, alcançando 99,6 pontos, segundo os dados preliminares da Sondagem da Indústria (FGV). Essa retração foi explicada principalmente pela queda de 4,3 pontos do índice de expectativas, que atingiu 100,7 pontos, embora o componente de situação atual tenha avançado 3,4 pontos, para 98,5 pontos. O conjunto de indicadores já conhecidos é compatível com um quadro de expansão bastante moderada do PIB neste terceiro trimestre.

 

Discurso de Powell: Em discurso no Senado dos EUA, o presidente do Fed apresentou um tom brando, bem em linha com a última ata do comitê de política monetária da instituição (FOMC), divulgada no início de julho. Jerome Powell reconheceu o bom ritmo de crescimento da economia norte-americana e que o desemprego local permanece próximo ao pleno emprego, mas ressaltou que os salários continuam subindo gradualmente, ainda que em ritmo inferior ao padrão observado no período pré-crise global. Com relação à variação dos preços, o banqueiro central afirmou que a inflação deve ficar ao redor da meta de 2,0% nos próximos meses e que se estabilizará nesse patamar no médio prazo. Dessa forma, ressaltou que o cenário econômico continua condizente com a estratégia de alta gradual dos juros.

 

Vagas surpreendem negativamente: dados divulgados pelo Caged no dia 17/07, apontaram para fechamento líquido de 661 vagas formais em junho. O resultado surpreendeu negativamente as expectativas do mercado e a nossa (criação de 55 mil vagas, em ambos os casos). Descontados os efeitos sazonais, foram fechados 18,3 mil postos, revertendo a criação de 6,2 mil em maio. O número de admitidos recuou 9,1% na margem, enquanto o volume de desligados caiu 7,2%. No acumulado do segundo trimestre, houve o fechamento de 2,7 mil vagas, revertendo parte da geração de 70,8 mil empregos formais no primeiro trimestre.

 

Geração de vagas nos EUA: O mercado de trabalho norte-americano registrou a criação de 213 mil vagas em junho, conforme divulgado do último dia 06. Esse resultado ficou acima da mediana das expectativas de mercado, de 195 mil postos, mas recuou ante o dado revisado de maio (244 mil). Destaques vão para o setor de bens de produção, com criação de 53 mil vagas (2 mil vagas a mais do que o verificado na leitura anterior).Quanto a taxa de desemprego registrou-se alta de 0,2 ponto percentual, avançando de 3,8% para 4,0%, refletindo a expansão da taxa de participação.

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A geração de postos segue em patamar elevado, sugerindo que o mercado de trabalho norte-americano permanece aquecido e próximo do pleno emprego, sem aceleração dos salários, compatível com a nossa expectativa de mais duas altas de juros neste ano.

 

Fluxo Cambial: O fluxo cambial registrou saldo positivo de US$ 187 milhões entre os dias 23 e 27 de julho, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central. Com esse resultado, o fluxo cambial acumula superávits de US$ 4,4 bilhões no mês e de cerca de U$ 27,0 bilhões no ano.

 

Balança comercial superavitária: dados divulgados pelo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços indicaram saldo comercial  de US$ 4,2 bilhões em julho. As exportações do mês alcançaram a cifra de US$ 22,9 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 18,6 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2017, as importações apresentaram aumento de 42,7%, refletindo o crescimento das compras de bens de capitais (239,8%), bens intermediários (22,3%) e bens de consumo (20,1%). De janeiro a julho, o saldo comercial acumulou um superávit de US$ 34,2 bilhões.

 

Banco Central do México atua como esperado: No comunicado divulgado no último dia 21/06, o Banxico elevou a taxa de juros para 7,75% a.a, após manter inalterada a taxa de juros em 7,50% a.a em abril e maio. Destacou-se como cenário de aumento de inflação  a forte depreciação do peso mexicano frente ao dólar, a paralisação das renegociações do NAFTA e a proximidade das eleições presidenciais.

BoE manteve política monetária: o Banco Central da Inglaterra não alterou seu programa de compras de títulos na reunião do dia 21/06. A instituição também manteve a taxa básica de juros em 0,5% a.a. A decisão vem em linha  com a leitura de desaceleração da atividade observada no primeiro trimestre ser passageira e que haveria recuperação no 2T. Considera-se também que a inflação pode ficar pressionada no curto por conta da depreciação cambial e da elevação dos preços do petróleo.

 

BCE deve manter taxas: o Banco Central Europeu reforçou o plano de encerrar o programa de compra de ativos em dezembro deste ano (pretendendo rolar o estoque de títulos por um período prolongado) e que não deve alterar as taxas de juros até meados de 2019. Conforme esperado, manteve as taxas inalteradas: taxa de liquidez (0%), depósito (-0,40%) e refinanciamento (0,25%).

 

Manutenção no BoJ: na reunião realizada em 30/07, o Banco Central do Japão não alterou sua política monetária. Manteve-se a taxa de juros de curto prazo em -0,1% a.a e foi reforçado o compromisso  das compras de títulos nos patamares atuais para manter a taxa de juros de dez anos próxima a zero. Em relação à inflação, o BoJ reduziu suas projeções para os anos fiscais de 2018, 2019 e 2020, para 1,1%, 1,5% e 1,6%, ante 1,3%, 1,8% e 1,8%, respectivamente, ficando ainda mais distante da meta de 2%. Em relação ao crescimento econômico o banco central reduziu sua estimativa para o ano fiscal de 2018, de 1,6% para 1,5% e manteve a expectativa para os próximos anos em 0,8%.

 

Mudanças no BC argentino: Após depreciação cambial, e pressões internas crescentes, o presidente do BC argentino Federico Sturzenegger apresentou carta de demissão ao presidente Mauricio Macri. Boa parte dos dirigentes também deixou a instituição. No lugar de Federico assume Luis Caputo, ex-ministro das Finanças que possui bom relacionamento com o setor bancário.

 

 

POLÍTICA

 

 

Eleições em aberto: Pesquisa realizada pelo Ibope divulgada em 02/08, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria aponta que 59% dos eleitores votarão branco, nulo ou estão indecisos. Destes, 73% admitem que podem mudar de opinião.

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O deputado Jair Bolsonaro (PSL) segue à frente na corrida presidencial num cenário sem o ex-presidente Lula. Bolsonaro aparece com 17% das intenções de voto. Logo em seguida vêm Marina Silva (Rede), com 13%, Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Geraldo Alckmin (PSDB), com 6%.

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A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais. Vale frisar também que a pesquisa foi realizada antes do apoio do Centrão à candidatura de Geraldo Alckmin.

 

Alckmin fecha com o "Centrão": líderes dos partidos formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade (Autointitulado "Centro Democrático") anunciaram no último dia 26 o apoio à pré-candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República.  Com o apoio do grupo, o tucano terá 14min e 47seg a mais de tempo de TV, contando os programas eleitorais diários e as inserções na programação. O tempo de TV do "Centrão" fez o grupo ser alvo de disputa entre outras candidaturas antes da definição por Alckmin.

Sai, não sai: Em decisão no dia 08/07 (domingo), o desembargador federal Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), decidiu conceder liberdade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cumpre prisão em Curitiba pelo processo do triplex, no âmbito da Operação Lava Jato, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Logo após a decisão, o juiz Sérgio Moro afirmou que o desembargador não tinha competência para mandar soltar Lula. Posteriormente, o plantonista TRF-4 voltou a determinar que Lula fosse solto. O Ministério Publico Federal, por sua vez, pediu a reconsideração da decisão sobre o pedido. Em seguida, o relator da Lava Jato em segunda instância , João Pedro Gebran Neto, determinou que Lula seja mantido preso.

 

A proposta do PT: o PT ainda insiste na candidatura do ex-presidente Lula, apesar de estar cumprindo pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Fernando Haddad (PT), coordenador do programa de governo do PT, detalhou a proposta inicial do partido para acelerar a retomada da economia. Segundo Haddad, há 3 pontos centrais: (i) colocar mais crédito em circulação no mercado, em especial para a população mais carente (que está propensa a gastar mais); (ii) reforma tributária progressiva; e (iii) aumento dos impostos de instituições financeiras que não diminuírem o spread bancário. Mais: o partido também volta a apostar na retomada dos investimentos federais (obras públicas, especialmente aquelas que estão próximas de sua conclusão). 

 

"Os bancos que mantiverem os spreads no patamar atual terão uma tributação progressiva e portanto um incentivo a reduzir os spreads com a possibilidade de pagar tributos menores".

 

O "plano B" do PT ainda não está claro. O noticiário oscila entre Fernando Haddad e Jaques Wagner. O 1º ainda é o favorito.

 

Imposto sindical: O STF julgou constitucional o dispositivo da reforma trabalhista que acabou com a obrigatoriedade do imposto sindical. Este foi o 1º julgamento de ações que contestavam mudanças na CLT aprovadas no ano passado. Os ministros que votaram para manter o recolhimento facultativo foram: Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello e Carmen Lúcia. 

 

Nova fase da Operações Zelotes: A operação da PF, deflagrada em 26/07, investiga fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A mineradora teria feito pagamentos a intermediários, advogados e a conselheiros do Carf para obter decisão favorável em julgamento no órgão. A Paranapanema, além do economista Roberto Giannetti da Fonseca (ex-Fiesp), estão entre os alvos da nova fase da operação Zelotes. Segundo o MPF, o prejuízo provocado pela fraude foi de R$ 650 milhões.

 

STF e as estatais: Segundo o Ministro Lewandowski, do STF, o dispositivo da Lei das Estatais (artigo 29, caput, XVIII, da Lei das Estatais) deve ser interpretado no sentido de afirmar que a venda de ações de empresas públicas, sociedades de economia mista ou de suas subsidiárias ou controladas exige prévia autorização legislativa, sempre que se cuide de alienar o controle acionário. Embora possa ser revertida no plenário do STF (sem previsão para isto), a decisão surpreendeu, pois inverteu a interpretação usual. Com exceção de Petrobras, Eletrobrás, Banco do Brasil e Caixa, o governo tinha, até agora, poder para privatizar qualquer empresa pública sem consultar o Congresso. Isto, agora, mudaria de figura. Segundo o Valor, trava o "plano B" da Eletrobrás, que fica impedida de vender algumas subsidiárias do norte e nordeste. O plano de desinvestimento da Petrobras e de outras estatais federais também serão afetados. Neste contexto, aumentou a insegurança jurídica.

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LDO de 2019:  O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019, senador Dalírio Beber (PSDB-SC), apresentou seu parecer ao Congresso. Sugeriu o corte de 10% das despesas administrativas no próximo ano; suspensão de reajustes para servidores; proibição de novos cargos (somente substituições em áreas específicas como saúde seriam permitidas); e proibição de novas renúncias fiscais, que beneficiem determinados setores. Porém, apesar das medidas de austeridade apresentadas, todas as medidas foram derrubadas quando o texto passou por votação no plenário do Congresso.

Assim, os principais pontos da lei aprovados pelo Congresso são a autorização de reajustes para os servidores públicos, autorização de novos cargos públicos em 2019 e cortes dos incentivos fiscais (permitida a prorrogação dos atuais por até 5 anos).

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Agora, o presidente Michel Temer deve vetar ou sancionar a proposta. Sancionada, o governo terá de mandar ao Congresso a proposta de Orçamento de 2019, feita de acordo com os critérios estipulados na LDO, até 31 de agosto.

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INTERNACIONAL

 

 

"Guerra Comercial"- a saga: em mais um capítulo sobre as disputas comerciais entre EUA e China, o presidente Donald Trump propôs, em 01/08, ao Escritório do Representante do Comércio Exterior o aumento de 10% a 25% nos impostos em importações aos EUA de bens chineses no valor de 200 bilhões de dólares (ainda a definir até setembro). A proposta seria uma firme mensagem de Trump a Pequim de que está disposto a quase tudo em sua cruzada para reverter o déficit comercial com o gigante asiático.

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Além de disparar a tensão alfandegária entre as duas maiores economias do mundo, esta se une às outras guerras comerciais lançadas por Trump contra a Europa, México e Canadá. O anúncio chega somente uma semana depois do republicano congelar a disputa com a União Europeia: Washington decidiu não impor novos impostos a Bruxelas, que também não contra-atacará, mas ficam mantidos os impostos norte-americanos ao aço e alumínio, e a represália europeia.

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A medida comercial mais recente veio em 10 de julho quando Trump disparou a pressão sobre a China ao ordenar ao Comércio Exterior a ativação do processo para impor impostos de 10% (que propôs aumentar para 25% no último dia 01) a produtos no valor de 200 bilhões de dólares. Dias antes Pequim havia ordenado a ativação de novos impostos a produtos dos EUA no valor de 34 bilhões de dólares (128 bilhões de reais) em exportações à China. Se todas as sanções anunciadas desde o começo de 2018 ocorrerem, o volume de negócio afetado entre os dois países será de aproximadamente 500 bilhões de dólares (1,9 trilhão de reais).

 

Opep anuncia elevação de produção: os membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo decidiram em reunião realizada em 22/06 elevar a oferta de petróleo em cerca de 600 mil barris. O cartel vinha reduzindo a produção além do acordo de cortes de produção, que tem a meta de diminuir a oferta mensal do grupo em 1,2 milhão de barris por dia. Com a decisão desta reunião, o nível de cumprimento do acordo deve voltar a 100%. Assim, o aumento da produção global deve aliviar as pressões inflacionarias no Brasil e no mundo.

 

Eleições no México: Andrés Manuel López Obrador, conhecido por sua sigla AMLO, venceu as eleições no México, inaugurando o primeiro governo de esquerda no país. AMLO foi prefeito da cidade do México e tem uma agenda pouco liberal, apesar de já estar sinalizando que não irá alterar radicalmente os caminhos da economia mexicana, assim como Lula ‘paz e amor’ fez por aqui quando venceu em 2003.

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Em sua campanha fez promessas de erradicar corrupção e impunidade, ter uma política fiscal prudente e austera, canalizar recursos públicos para projetos de infraestrutura para impulsionar o crescimento e oferecer aos jovens bolsas de estudo. Também prometeu aumentar as pensões, subsidiar os agricultores que lutam para competir com produtos americanos e colocar os “pobres e esquecidos” em primeiro lugar. Mas, embora suas prioridades sejam claras, ele ainda precisa detalhar como pretende alcançá-las. 

Inflação astronômica na Venezuela: a economia Venezuela está com queda acentuada do PIB desde 2014 em uma recessão que em poucas vezes foi vista na história recente. O governo totalitário de Nicolás Maduro reprime manifestações, ao mesmo tempo que manda e desmanda nas instituições cada vez mais enfraquecidas pelo poder central. A população, por sua vez, não vê outra saída senão abandonar suas posses e sonhos em território venezuelano, apostando suas fichas em um recomeço em outro país, como Peru, Colômbia e o Brasil.

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Se confirmado, a expectativa de contração de 18% para 2018, a economia venezuelana acumulará uma queda de 47% desde 2013, ou seja, será praticamente a metade do que já foi naquele ano. O aumento dos preços, por outro lado, vem em movimento ascendente, com todas as características de hiperinflação. O FMI projetou que a taxa de inflação pode chegar* a 1.000.000% em 2018. A situação, segundo o órgão internacional, já pode ser comparada às experiências históricas do Zimbábue na década passada e da Alemanha em 1923. A taxa de desemprego (33%) e a taxa de juros de 10 anos da dívida – considerada impagável pelas agências de rating – é de 38,4% ao ano, completando o quadro desolador.

 

Crescimento mundial: O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve suas projeções para o crescimento mundial deste e do próximo ano, comparativamente ao apontado em abril. Segundo relatório divulgado em 16/07, o PIB mundial deve crescer 3,9% em 2018 e também em 2019. Para os países desenvolvidos, a projeção para a expansão deste ano foi revisada de 2,5% para 2,4%, refletindo principalmente as expectativas de maior crescimento nos Estados Unidos e na Área do Euro. Para as economias emergentes, as projeções para o crescimento se mantiveram em 4,9% e em 5,1%, para 2018 e 2019, respectivamente. Em relação ao Brasil, o FMI rebaixou a projeção de expansão, de 2,3% para 1,8% neste ano e manteve a expectativa para 2019, em 2,5%. De acordo com o documento, o balanço de riscos para essas projeções tornou-se mais negativo para o curto/médio prazo. Esse viés baixista para as projeções de 2018-19 é explicado principalmente por: (i) escalada na tensão comercial e política, com o posicionamento mais protecionista dos EUA e a instabilidade política na Europa (por conta da questão imigratória); e (ii) os efeitos negativos do aumento da volatilidade nos mercados para o crescimento das economias emergentes.

 

Crescimento forte chinês: No segundo trimestre, a economia chinesa cresceu 6,7% na comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com o órgão oficial de estatísticas do país (cuja sigla é NBS), que também divulgou dados de atividade referentes a junho. Essa velocidade de expansão, ligeiramente inferior à observada no primeiro trimestre (6,8%), veio em linha com o esperado, mas ainda revela um desempenho bastante robusto da economia do país. Na comparação com o período imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais, o NBS apontou aceleração, passando de um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre, para outro de 1,8% no segundo (ante a expectativa de 1,6%). Dentre as aberturas, destaque para a desaceleração no setor industrial (incluindo construção civil), que passou de uma alta interanual de 6,3% para outra de 6,1%, compensando parte da aceleração do setor de serviços, que registrou uma expansão interanual de 7,6%, ante os 7,5% registrados no trimestre anterior.

 

A agricultura, por sua vez, registrou desaceleração, oscilando de um avanço de 3,9% para outro de 3,2%, na mesma base de comparação. Já os dados de atividade de junho tiveram um movimento misto, com desaceleração da produção industrial e dos investimentos e avanço das vendas do varejo. A variação interanual da produção industrial desacelerou de 6,8% em maio para 6,0% em junho, ficando abaixo da mediana das expectativas, que indicava moderação para 6,5%. No mesmo sentido, os investimentos em ativos fixos arrefeceram, acumulando alta de 6,0% de janeiro a junho, ante a expansão de 6,1% até maio. Por fim, as vendas no varejo aceleraram, ficando acima das expectativas, ao apresentarem alta interanual de 9,0% em junho, ante a expectativa de 8,8% e crescimento de 8,5% em maio. Em suma, continuamos acreditando em expansão forte da China em 2018, mas reconhecemos que há riscos baixistas por conta de conflitos comerciais com os EUA, ao mesmo tempo em que há continuidade do processo de desalavancagem dos governos regionais.

Cabe registrar, por outro lado, que o governo local tende a compensar tais riscos para tornar a desaceleração mais suave, como o fez há poucas semanas, com o anúncio de corte de compulsório para estimular renegociação de dívidas corporativas e aumento de empréstimos a empresas.

 

Imigração: Em Bruxelas, líderes da União Europeia chegaram a um acordo sobre a imigração. Entre os destaques, os líderes concordaram em (i) compartilhar - de maneira voluntária - os refugiados que chegarem ao bloco; e (ii) criar "centros de controle", na própria região da EU, para processar solicitações de asilos. Mais: concordaram, também, em dividir a responsabilidade por imigrantes resgatados no mar (um pedido feito pelos italianos). Mesmo assim, Angela Merkel admitiu que ainda há divergências a serem discutidas.

 

"O bloco ainda tem muito trabalho a fazer para equilibrar as visões diferentes".

 

 

Caro leitor, por fim, a grande lição desse mês é a defesa da liberdade individual. Segundo os principais liberais o indivíduo tem o direito de fazer o que quiser, desde que não interfira na liberdade do próximo. Assim, é perfeitamente aceitável a opinião individual de escolher com quais temas se preocupar (economia, política, futebol...). Mas toda vez que você abdica dá discussão em alguma área, você automaticamente terá de aceitar a decisão que tomam por você. Dessa forma, ninguém se importará se você querer discutir só futebol... Mas quem só de futebol sabe, nem de futebol sabe...

 

 

Agradeço ao caro leitor pela atenção em mais esta edição e deixo aqui o convite para as próximas.

 

 

Bons investimentos e até setembro!

 

 

Atenciosamente,

 

 

Marcelo Takao Tano

Fundador e Diretor Financeiro

Economia/Política/Internacional

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