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Carta Conjuntura Agosto – Clube I&F UFPR

 

Tragédia Anunciada

 

PANORAMA GERAL

 

"No Brasil, até o passado é incerto."

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Caro leitor,

 

Recentemente recebemos a triste notícia do incêndio que destruiu o Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro. Criado por D. João VI em 1818, o rei fujão de Portugal, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Era a instituição científica mais antiga do país.

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O museu possuía mais de 20 milhões de itens, entre coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Certamente uma perda inestimável. Dentre o acervo podemos citar peças como o crânio de Luzia (fóssil humano mais antigo das Américas), Bendegó (maior meteorito já encontrado no Brasil) e múmias e objetos egípcios raros que formavam a maior coleção da América Latina.

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Segundo laudo do corpo de bombeiros o Museu Nacional estava em situação irregular, não possuindo as medidas de segurança mínimas exigidas pela lei (extintores, caixas de incêndio, iluminação e sinalização de segurança, portas corta-fogo). Junte-se a isso a questão da redução do orçamento para a instituição (sob responsabilidade da UFRJ) e temos um diagnóstico do retrato da má administração pública em um país tomado por políticos ambiciosos, gestores públicos irresponsáveis e intelectuais militantes.

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O lamentável episódio, como não poderia deixar de acontecer em Pindorama, nos últimos dias ainda foi alvo do oportunismo mesquinho da desonestidade intelectual da esquerda, dizendo que o acontecimento foi "culpa da PEC do Teto", "culpa do ajuste fiscal"... mais uma vez, mentiras. O ajuste fiscal começou a ser feito em 2015 para corrigir os erros da chamada "Nova Matriz Econômica" adotada por Dilma Roussef, que nos levou a um baixo crescimento, alta inflação e tornou insustentável as contas públicas. Dessa forma, além de culpar o remédio pela doença, não se dá ao paciente o diagnóstico correto para a morte lenta. Assim, como a febre que alerta um problema maior, o incêndio no museu foi apenas o início para a falência múltipla dos órgãos. Se continuarmos na trajetória que estamos, daqui a pouco não serão apenas museus, mas escolas, hospitais...

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Assim, explicam o quadro atual brasileiro uma combinação da cegueira ideológica na gestão, os benefícios contemplados no Orçamento da União e suas rigidezes e o corporativismo burocrático do setor público. A receita para uma tragédia.

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Mas o que seria um museu? Um museu para mim é uma mescla de palácio e cemitério: palácio, demonstrando todas as riquezas (culturais, tangíveis e intangíveis) e cemitério, demonstrando que tudo é passageiro, restando as lembranças. É, também, um passaporte para uma viagem no tempo, onde em um mesmo espaço físico podemos viajar da pré-história até os dias atuais e refletir sobre o modo de agir, de pensar e de como ocorreu uma suposta evolução no mundo.

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Vivemos atualmente num mundo onde há a ânsia por novidades constantes e um certo desprezo pelo que passou. Não é de se estranhar o descaso com museus e outros redutos de nossa história. Muito menos de se estranhar o descaso para com o investigador que sabe que não sabe e trabalha na esperança de acrescentar mais um pouco ao saber humano, mesmo seguro de que será inevitavelmente superado e esquecido.

Nestes termos e na conjuntura de descaso total em que vivemos, explicitado recentemente também no âmbito cultural, ficam mais claras as palavras de Pedro Malan: "No Brasil, até o passado é incerto".

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ECONOMIA

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PIB cresceu no 2T: Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 0,2% no segundo trimestre deste ano, segundo dados recentes divulgados pelo IBGE. Trata-se de uma ligeira aceleração ante a elevação de 0,1% registrada na leitura anterior. O resultado foi impulsionado pelo crescimento de 0,3% do setor de serviços, enquanto o setor agropecuário permaneceu estável e a indústria recuou 0,6%. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias e gastos do governo avançaram 0,1% e 0,5%, nessa ordem, enquanto a formação bruta de capital fixo retraiu 1,8%. No setor externo, houve queda de 5,5% das exportações e de 2,1% das importações. Na comparação inter anual, o PIB avançou 1,0%.

 

Focus ajustado: de acordo com o relatório Focus divulgado pelo Banco Central em 03/09, houveram algumas alterações nas estimativas das principais variáveis macro, com aumento da taxa de câmbio, leve queda na inflação e crescimento mais fraco. A mediana das projeções para o IPCA deste ano foi ajustada de uma alta de 4,17% para 4,16%, enquanto que para o ano que vem recuou ligeiramente, de 4,12% para 4,11%. A mediana para o crescimento do PIB foi revisada de 1,47% para 1,44% para este ano, mantendo-se estável em 2,50% para 2019. Já a mediana das projeções da taxa de câmbio no encerramento de 2018 foi ajustada de R$/US$ 3,75 para R$/US$ 3,80, e permaneceu em R$/US$ 3,70 no encerramento do ano que vem. Por fim, as expectativas para a taxa Selic permaneceram em 6,50% e 8,00% no final de 2018 e 2019, nessa ordem.

 

Recuperação no mercado de trabalho: Segundo dados da PNAD Contínua trimestral divulgados recentemente pelo IBGE, a taxa de desemprego atingiu 12,4% entre abril e junho de 2018. O resultado é inferior ao apresentado no ano anterior (13%), mantendo a trajetória de redução comedida da desocupação. As maiores quedas foram observadas no Centro-Oeste e no Nordeste. Das unidades federativas, treze das vinte e sete apresentaram recuos superiores à média (de 0,5 ponto percentual), sendo que o Rio Grande do Norte registrou a maior queda.

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Complementando, dados divulgados pelo Caged indicaram a criação líquida de 47.319 vagas formais de trabalho em julho, resultado que surpreendeu positivamente as expectativas de mercado (criação de 25 mil vagas). Dessa forma, o resultado de julho é compatível com um quadro de melhora do mercado de trabalho, ainda que de forma bastante lenta, e continua sugerindo ausência de pressões inflacionárias advindas dos salários. Para os próximos meses, espera-se uma tendência de recuperação de forma gradual e volátil.

 

Balança comercial superavitária: o saldo comercial do mês de agosto apresentou superávit de cerca de US$ 3,8 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Em termos anualizados e levando em consideração os ajustes sazonais, sem contabilizar plataformas, o resultado é equivalente a um superávit de US$ 54 bilhões. Vale destacar que, em julho e agosto importações de plataforma afetaram significativamente os dados. De janeiro a agosto, o saldo comercial acumulou um superávit de US$ 37,8 bilhões. A exportação do mês alcançou a cifra de US$ 22,5 bilhões, enquanto as importações totalizaram aproximadamente US$ 18,8 bilhões. Sobre agosto de 2017, as exportações registraram crescimento de 15,8%. Aumentaram as saídas de produtos manufaturados e de básicos, enquanto caíram as vendas de produtos semimanufaturados. Sobre igual período do ano anterior, as importações apresentaram aumento de 35,3%. Cresceram as compras principalmente de bens de capitais e de combustíveis e lubrificantes. Na margem, excluindo as operações de plataforma, os embarques permaneceram estáveis e as compras externas tiveram alta de 4%.

Fluxo cambial deficitário: O fluxo cambial registrou saldo negativo de US$ 4,2 bilhões em agosto, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central. As contas comercial e financeira caminharam em sentidos opostos, ao registrarem entrada líquida de US$ 5,6 bilhões na primeira e saída de US$ 9,8 bilhões na segunda. O superávit da conta comercial foi resultado de câmbio contratado para exportações de US$ 24,7 bilhões, superiores aos US$ 19,1 bilhões contratados para importações. Já o saldo negativo da conta financeira foi reflexo das compras de US$ 38,2 bilhões, abaixo das vendas de aproximadamente US$ 48,0 bilhões. Com esse resultado, o fluxo cambial acumulou superávit de cerca de US$ 24,2 bilhões no ano.

 

Consumidor X Comércio: O Índice de Confiança do Consumidor (ICC-FGV) recuou 0,4 ponto na passagem de julho para agosto, alcançando 83,8 pontos e permanecendo abaixo do nível neutro, de 100 pontos. O movimento refletiu a retração de 2,7 pontos do componente de situação atual, compensando o aumento de 1,1 ponto do índice de expectativas. Por outro lado, o Índice de Confiança do Comércio (ICOM - FGV),atingiu 89,9 pontos, após ter avançado 1,1 ponto neste mês. Esta é a primeira alta do indicador desde março, mas ainda se mantém abaixo do patamar neutro. O movimento altista se deve ao avanço de 2,8 pontos do componente de expectativas enquanto o índice de situação atual recuou 0,8 ponto. Assim, o conjunto de indicadores já conhecidos é compatível com um quadro de expansão bastante moderada do PIB neste terceiro trimestre.

 

Queda na confiança da indústria: O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,8 ponto entre julho e agosto, alcançando 99,3 pontos, segundo os dados preliminares da Sondagem da Indústria, divulgados pela FGV. Esse recuo foi explicado principalmente pela queda de 2,4 pontos do índice de situação atual, que atingiu 96,6 pontos, embora o componente de expectativas tenha avançado 0,8 ponto, para 101,9. Cabe registrar que o nível neutro é de 100 pontos, indicando ligeiro otimismo no âmbito das expectativas. Já o nível de utilização da capacidade instalada permaneceu estável em 75,7%, na série livre de efeitos sazonais. Vale destacar que o ICI se manteve próximo, porém pouco acima do nível neutro, entre fevereiro e julho, mantendo-se abaixo de 100 pontos nesta leitura. Assim, o conjunto de indicadores já conhecidos é compatível com um quadro de expansão bastante moderada do PIB neste terceiro trimestre.

 

Crescimento chileno: O PIB do Chile cresceu 2,8% no segundo trimestre, em termos anualizados e em comparação com o período imediatamente anterior, de acordo com o Banco Central do Chile. Esse resultado representou uma desaceleração com relação ao primeiro trimestre (4,9%) e foi puxada, sobretudo, pela contribuição negativa do setor externo e pelo menor crescimento do consumo privado, que mais do que compensaram os avanços do consumo do governo e dos investimentos. Vale destacar a contribuição de 2,1 pontos percentuais dos investimentos em capital fixo, a maior desse componente desde o segundo trimestre de 2015. Em sentido oposto, as exportações líquidas contribuíram com quase -5 pontos percentuais para o resultado do PIB. Já na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aceleração do PIB, que passou de um crescimento de 4,3% no primeiro trimestre, para 5,3% entre abril e junho, refletindo, em parte, os dois dias extras de trabalho no período comparativamente a 2017.

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PIB do Reino Unido: A economia do Reino Unido apresentou expansão de 0,4% na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano. Esse resultado, que veio em linha com a mediana das projeções do mercado, representa uma aceleração em relação ao observado no período anterior, quando houve alta de 0,1%. Na composição pela ótica da demanda, destacou-se o avanço de 0,8% dos investimentos, após recuo anterior de 1,3%. Já os consumos das famílias e do governo avançaram 0,3% e 0,4% no período, respectivamente. Por fim, a demanda externa contribuiu de forma negativa para o resultado, com recuo de 3,6% das exportações. Pela ótica da oferta, a aceleração na margem foi explicada pelos crescimentos de 0,5% e 0,9% do setor de serviços e construção, nessa ordem, enquanto a atividade da indústria recuou 0,8% no período. Na comparação inter anual, o PIB do segundo trimestre avançou 1,3%. Em suma, esses resultados são compatíveis com nossa expectativa de expansão de 1,3% da economia do Reino Unido este ano.

PIB do Japão surpreendeu positivamente: A economia japonesa avançou 0,5% no segundo trimestre, surpreendendo positivamente a mediana das expectativas do mercado (0,3%). Em termos dessazonalizados e anualizados, o PIB avançou 1,9% no período, revertendo o recuo de 0,9% observado no primeiro trimestre, ficando acima do esperado (1,4%). Esse resultado foi impulsionado pela surpresa positiva do forte avanço do consumo privado, após o recuo no período anterior.

 

Avanço na Área do Euro: O PIB da Área do Euro cresceu 0,4% no segundo trimestre em comparação com o período imediatamente anterior, conforme estimativa divulgada pelo Eurostat. Esse resultado ficou acima da leitura anterior e da expectativa do mercado, ambas de 0,3%. Na comparação inter anual, houve alta de 2,2% (ante avanço de 2,1% na estimativa anterior). Já pela abertura por países, os destaques foram os crescimentos registrados pela Alemanha (0,5%), França (0,2%) e Espanha (0,6%). Apesar de não divulgarem as aberturas pela ótica da oferta e da demanda, o relatório sugeriu que a aceleração do PIB da Alemanha foi puxada principalmente pela variação positiva do consumo privado, dos gastos do governo e dos investimentos, que mais do que compensaram a contribuição negativa do setor externo. Para os próximos meses, esperamos manutenção do ritmo de expansão, condizente com nosso cenário de crescimento de 2,0% da Área do Euro para 2018.

 

Atividade chinesa em baixa: Os dados de atividade chinesa surpreenderam negativamente em julho, com ligeira desaceleração dos investimentos e das vendas do varejo, enquanto a produção industrial manteve o ritmo de crescimento verificado na divulgação anterior. A produção industrial avançou 6,0% na comparação inter anual em julho, ficando abaixo da mediana das expectativas, que indicava aceleração para 6,3%. Os investimentos em ativos fixos arrefeceram, acumulando alta de 5,5% de janeiro a julho, ante a expansão de 6,0% até a leitura anterior. Esse movimento foi explicado principalmente pela desaceleração dos investimentos em infraestrutura, em meio à desalavancagem financeira dos governos regionais. Por fim, as vendas no varejo também desaceleraram, ficando abaixo das expectativas, ao apresentarem alta inter anual de 8,8%, ante a expectativa de 9,1% (9,0% na divulgação anterior). Em suma, esses resultados são compatíveis com o cenário de desaceleração da economia chinesa este ano, a despeito da expansão ainda forte. Há riscos baixistas por conta de conflitos comerciais com os EUA, ao mesmo tempo em que há continuidade do processo de desalavancagem dos governos regionais.

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Guerra comercial e juros norte-americanos: A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária dos EUA (FOMC), apresentou uma visão neutra com relação ao documento anterior. O FOMC reconheceu que o ritmo de crescimento do PIB no segundo trimestre foi mais intenso do que o esperado, refletindo a aceleração do consumo doméstico e a antecipação de exportações. Na ata, a autoridade monetária observou uma ligeira aceleração dos salários, mas com os últimos dados de inflação abaixo do esperado e ainda compatível com a meta do Fed (ao redor de 2%), sugerindo que o cenário de risco permanece balanceado. A novidade ficou por conta do maior detalhamento sobre os impactos da guerra comercial. Segundo o colegiado, já é perceptível um efeito negativo sobre os indicadores de confiança empresarial e investimentos, assim como o impacto, sobre os preços no atacado, da nas tarifas de importação. Ademais, o comitê ressaltou que já se observa redução/postergação nos gastos com investimentos em alguns distritos regionais do Fed. Em suma, apesar da expectativa de discreta desaceleração da economia no segundo semestre do ano, o banco central norte-americano sinalizou que deve continuar elevando a taxa de juros ao longo dos próximos trimestres, ainda que gradualmente.

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Elevação dos juros argentinos: O Banco Central da Argentina (BCRA) elevou a taxa de juros, de 45% para 60% ao ano. A instituição atribuiu o aumento de juros ao agravamento da conjuntura externa, responsável pela depreciação expressiva do peso, o que põe em risco o cumprimento da meta de inflação.

Além disso, o BCRA anunciou que reduzirá gradualmente o estoque de Lebacs (letras do banco central de curtíssimo prazo) nos próximos meses, para tornar a política monetária mais eficiente e reduzir a volatilidade causada pela rolagem mensal desses instrumentos. O governo da Argentina, pediu ao FMI a antecipação para 2019 das parcelas de 2020 e 2021 do pacote de ajuda firmado em maio. O montante total dessas parcelas é de US$ 29 bilhões. Apesar do Fundo ter dado uma sinalização favorável à antecipação, a reação do mercado foi bastante negativa, uma vez que esse pedido não veio acompanhado de muitos detalhes sobre as contrapartidas que o país se comprometeria a adotar. Ademais, o recente corte de impostos e a desaceleração econômica devem dificultar o cumprimento das metas fiscais firmadas pelo governo local.

 

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POLÍTICA

 

Caça aos vices: O tucano Geraldo Alckmin escolheu Ana Amélia, que disputaria a reeleição ao senado, como vice da chapa presidencial. A estratégia desmonta o palanque de Bolsonaro no Rio Grande do Sul e também visa rebater o discurso de que o apoio do "Centrão" tem viés fisiológico. O ingresso da vice ainda animou ruralistas - cujas bases flertam com Bolsonaro. O acerto entre Alckmin e Ana Amélia representa mais uma baixa na campanha de Jair Bolsonaro.

Já a ex-senadora Marina Silva (Rede) conseguiu garantir o apoio formal do PV, partido pelo qual ela concorreu ao Planalto em 2010. O ex-deputado federal Eduardo Jorge será candidato a vice ao lado de Marina. A união REDE/PV amplia o tempo de TV de 8 para 33 segundos.

Quanto ao presidenciável do PDT, Ciro Gomes, terá como vice a senadora e correligionária Kátia Abreu (TO), ex-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Com a vice, a estratégia é fortalecer garantir a representatividade da mulher e mais entrada com os ruralistas.              

 
Debate na Band: o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República manteve os adversários em suas zonas de conforto. Realizado no dia 09/08, teve os seguintes pontos de destaque:

  • Alckmin: Atacou pouco os adversários, usou termos complexos para a população em geral. E adotou um tom positivo e até chegou a elogiar alguns pontos do governo Temer, como a reforma trabalhista. Adotou um discurso cheio de termos técnicos, parecia que estava falando para uma audiência especializada e não para o povo brasileiro. 

  • Ciro: Mais do mesmo, muitas soluções para todos os problemas do país, porém com pouca substância. Disse que o seu foco seria na criação de empregos, 2 milhões apenas no primeiro ano de governo, e na redução do endividamento da família brasileira, mais uma vez, voltou a citar o número de pessoas cadastradas no SPC - serviço de proteção de crédito, e disse que caso eleito iria retirar todas elas do cadastro. Tentou sempre atacar o PSDB, tentando colar o fato de que o PSDB e o governo Temer eram a mesma coisa. 

  • Marina: Atuação discreta, defendeu uma melhora da educação, com um modelo mais inclusivo. Também disse que o problema do SUS é de gestão e que o país precisa de uma estratégia nacional para saúde que inclua os planos de saúde, de forma a aliviar o sobre carregamento do sistema público. Também se mostrou disposta ao compromisso de manter o fiscal sob controle, mas se disse contra a atual forma da reforma da previdência proposta pelo governo Temer. Atacou pouco, menos do que foi atacada. 

  • Bolsonaro: Parecia claramente incomodado, as vezes até mesmo entediado. Se esquivou de algumas perguntas Respondeu poucas questões técnicas. No geral foi mal, pior que nas sabatinas que participou. Foi o mais incomodado pelos demais candidatos e pelos jornalistas da Band que o entrevistaram. Parece que o candidato do PSL se sente muito melhor sozinho do que de frente com seus adversários. 

  • Álvaro Dias: Discurso e ataques centrados na questão do combate a corrupção. Atacou diretamente o Bolsonaro sobre a questão de gênero. Também atacou os privilégios dos políticos e disse que ele próprio abriu mão da aposentadoria de governador. No geral, foi o que mais tentou incomodar o Bolsonaro. Teve uma atuação leve.

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O ímpeto no embate deve aumentar nos próximos debates, conforme se aproxima o primeiro turno. Os próximos dois debates são: Record (30/09) e Globo (04/10).

Dança das cadeiras: A ministra do STF, Rosa Weber, tomou posse em 14/08 como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em substituição ao ministro Luiz Fux. O mandato vai até maio de 2020. A ministra assume a presidência tendo como principal desafio os trâmites jurídicos em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Improbidade administrativa: O Ministério Público de São Paulo moveu uma ação de improbidade administrativa contra o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) na qual pede a condenação do petista por enriquecimento ilícito. O MP sustenta que Haddad "tinha pleno domínio" sobre o pagamento, pela UTC Engenharia, de uma dívida de R$ 2,6 milhões da campanha de 2012 à Prefeitura com recursos de caixa 2. Na ação, o promotor Wilson Tafner, da Promotoria do Patrimônio Público, pede ainda o bloqueio de bens no valor de R $ 15,1 milhões, o ressarcimento do dano causado, multa civil e a suspensão dos direitos políticos de Haddad, que é candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Planalto. 


Sabatina JN:  Uma das entrevista que teve maior repercussão dentre os presidenciáveis foi a de Jair Bolsonaro, que no saldo, se saiu bem na Sabatina do Jornal Nacional. O candidato reafirmou suas conhecidas posições conservadoras e ironizou a TV Globo. Deu mais um passo para cristalizar sua sólida base de intenções de votos para o primeiro turno. Vai ser um adversário competitivo nessas eleições. O ponto de atenção fica para seu posicionamento ("kit gay" e o uso mais exacerbado da força na segurança pública), que muitas vezes também acaba gerando uma rejeição elevada. O constrangimento quando especulou sobre diferença salarial entre William Bonner e Renata Vasconcelos também é um exemplo. No segundo turno, o militar da reserva está longe de ser imbatível, como se mostrou em determinados momentos, na Rede Globo. Quando não sabia como se posicionar ou teve dificuldades (tema da PEC das domésticas e diferença salarial entre gêneros) usou seus tradicionais bordões.

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Exemplo? Aqui não: Os ministros do STF aprovaram um aumento de 16,38% nos próprios salários. o presidente Temer acordou com os ministros do Supremo que aceitaria o aumento de 16,38% de seus vencimentos em troca da revogação do auxílio moradia a juízes. Como o salário dos ministros do STF servem de referência para outras categorias de servidores dos poderes judiciário e legislativo, o impacto no Orçamento Federal seria de algo em torno de R$ 4 bilhões por ano. Este aumento também terá impactos nos salários dos servidores estaduais e municipais. Restará agora recorrer a redução dos gastos discricionários, em especial investimentos, para garantir o cumprimento do Teto de Gastos. Vale ressaltar que os ministros do STF ganham atualmente R$ 33.763 e, com o reajuste, passarão a receber R$ 39.293.

 

Deixando claro o que era óbvio: Por seis votos a um, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitaram o registro de candidatura do ex-presidente Lula (PT), condenado e preso na Operação Lava Jato. Também por maioria (5x2), os ministros decidiram que Lula não poderá manter as atividades de campanha enquanto estiver na condição de candidato sub judice - até o trânsito em julgado da decisão. A ministra Rosa Weber, além do ministro Edson Fachin, foram os únicos favoráveis ao presidente.

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INTERNACIONAL

 

Funeral de John McCain: morreu no último dia 25, aos 81 anos, nos EUA, o herói de guerra e ícone nacionalista John McCain. O senador republicano lidava desde 2017 com um tumor maligno no cérebro. Filho e neto de almirantes, McCain, piloto da marinha teve seu avião abatido ao sobrevoar a capital do Vietnã, em 1967, onde foi torturado. Retornou aos EUA em 1973, após as negociações de retirada dos EUA do país asiático, e iniciou a vida política.

McCain venceu dois mandatos como deputado, em 1983 e 1987, e seis mandatos para o Senado, sempre pelo estado do Arizona.

Da primeira vez em que pensou em ser presidente, perdeu as primárias republicanas para George W. Bush, em 2000. Oito anos depois, venceu as primárias, mas perdeu a eleição para o democrata Barack Obama.

 

McCain foi apelidado de “maverick”. Essa é uma palavra inglês empregada para se referir a pessoas destemidas, que assumem posições ousadas e independentes.

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Tornou-se voz da consciência e contrapeso de uma direita radical composta por Trump e, conforme publicado pelo jornal The New York Times no obituário do senador:

 

“McCain foi uma das poucas vozes republicanas poderosas no Congresso a contrabalancear os pronunciamentos frequentemente duros e provocativos de Trump no Twitter, assim como a maré de mudanças” que empurrou o partido “radicalmente à direita a partir das eleições de 2016".

 

Imprensa contra Trump: mais de 300 jornais norte-americanos publicaram de forma coordenada no último dia 16, editorais defendendo a liberdade de imprensa no país. O movimento veio em resposta aos crescentes ataques feitos pelo presidente Donald Trump que vem tratando jornais e jornalistas críticos a ele como inimigos públicos.

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Marjorie Pitchard, do Boston Globe, resumiu a iniciativa assim: “O projeto não é contra a agenda da administração Trump. É uma resposta para colocar-nos no debate público e para defender a Primeira Emenda [que trata da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão].”

Turquia: A lira turca teve forte desvalorização frente ao dólar, reflexo de razões econômicas e diplomáticas com os EUA. O movimento sinaliza o risco de crise econômica na Turquia (déficit fiscal, setor privado com dívida dolarizada e alta inflação, além do presidente Erdogan se recusar a adotar políticas de austeridade), a influência norte-americana na região (guerra-comercial e tensão diplomática de exilados) e afeta outros emergentes como o Brasil.

 

Tensão em Pacaraima: No meio do embate entre políticos e juízes, a população de Pacaraima foi às ruas e expulsou imigrantes venezuelanos da cidade no sábado (18), queimando pertences dos imigrantes e enxotando mulheres e crianças pela fronteira, enquanto cantavam o hino nacional. Havia suspeita de que um grupo de venezuelanos havia agredido um comerciante local. Após o incidente, o governo federal anunciou o envio de 1.200 homens da Força Nacional para Roraima e se comprometeu a acelerar o processo de “interiorização” desses imigrantes – “interiorização” é o nome dado à estratégia de dispersão de imigrantes por outras partes do Brasil.

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De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pela Casa Civil, 58.810 cidadãos venezuelanos entraram e permaneceram no país desde o início da crise, enquanto 68.968 entraram e saíram em seguida, seja na direção de outros países, seja de volta para a Venezuela.

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Caro leitor, por fim, a grande lição desse mês pode ser resumida pela frase abaixo, de Roberto Campos:

 

 

                        "A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor"

                       

Vimos e veremos uma série de tomadas de decisões errôneas, terceirização de responsabilidades, descaso generalizado, preocupação seletiva e preferência pela manutenção de privilégios individuais. Enquanto o cenário for o mesmo (e o será por muito tempo), não há como pensar em desenvolvimento para Pindorama.

Um país no qual a luta pelo poder não tem limites acaba destruindo ideias, valores e a própria nação. Que as próximas gerações consigam mudar esse cenário...

 

Agradeço ao caro leitor pela atenção em mais esta edição e deixo aqui o convite para as próximas.

 

 

Bons investimentos e até outubro!

 

 

Atenciosamente,

 

 

 

Marcelo Takao Tano

Fundador e Diretor Financeiro

Economia/Política/Internacional

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